O Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte (Stetpoa) afirma que as empresas de ônibus de Porto Alegre estão parcelando o vale-alimentação dos trabalhadores. Com isso, a convenção coletiva da categoria está sendo descumprida, salienta a entidade. O Stetpoa também diz que houve atraso na recarga dos tíquetes no mês passado.
— O trabalhador não pode pagar essa conta. A diferença de 40 centavos no valor da passagem foi aprovada pelo prefeito, e algo precisa ser feito. Agora que o movimento está sendo retomado, a conta é entre a ATP (Associação dos Transportadores de Passageiros) e o município — disse Alessandro Ávila, vice-presidente do sindicato.
Ávila ressalta que o sindicato não descarta ingressar com ação de descumprimento do acordo coletivo no Ministério Público do Trabalho (MPT).
A ATP confirmou o parcelamento. O assessor jurídico da associação, Alceu Machado, ressalta que as companhias de ônibus estão endividadas e demitindo funcionários.
— Estão descumprindo o acordo porque as empresas estão no limite. E, em reunião, eles foram avisados de que a empresas estão no limite e souberam do parcelamento. Eles não podem alegar que não sabiam. Preferiu-se fazer isso do que parcelar os salários — disse nesta terça-feira (2).
Machado ainda destacou que as empresas estão preparadas para possíveis problemas em relação ao pagamento do 13º salário dos trabalhadores, cuja primeira parcela deverá ser depositada neste mês. Além disso, os aumentos recentes do óleo diesel vêm pressionando os custos sobre as operações.
Segundo a ATP, com a manutenção de uma demanda de passageiros abaixo da procura antes da pandemia, as empresas não estão conseguindo evitar as dispensas. Entre as companhias que operam em Porto Alegre, a Sopal recentemente demitiu 27 trabalhadores e a Presidente Vargas dispensou 22. No mês passado, a Viação Alto Teresópolis (VAP) já tinha demitido 92 funcionários.
A última semana de outubro terminou com 485 mil passageiros, em média, utilizando o transporte coletivo em Porto Alegre, conforme a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC). O número é 8% maior do que o observado em setembro, diz o órgão municipal. Porém, a demanda ainda é menor em comparação com o período anterior à pandemia. A prefeitura da Capital afirma que a quantidade de passageiros transportada é menos de 60% do fluxo observado antes de março de 2020.