Com cascata d’água, jardim vertical e uma espécie de galeria de arte a céu aberto, a revitalização do Muro da Mauá será lançada no final da tarde desta sexta-feira (19) em solenidade para autoridades e imprensa. A transformação do trecho de 750 metros entre a Secretaria Estadual da Fazenda e a cerca divisória localizada na curva da Avenida Mauá, antes da Usina do Gasômetro, se deu por meio de uma parceria público-privada com o consórcio Sinergy/HMídia. Até o momento, o investimento foi de R$ 2,7 milhões.
Quem entra na cidade pelo Centro Histórico já consegue ver boa parte do chamado “Novo Muro da Mauá”, como o muro verde composto por centenas de podocarpos e os painéis artísticos, mas a cascata artificial com iluminação cênica de LED só será inaugurada à noite. É a cereja do bolo da obra, embora a coordenadora-geral e curadora do projeto, Rafaella Ferreira, evite eleger uma parte apenas para destacar.
— O muro está todo bonito. Era um espaço que estava abandonado, que a pessoa passava e não percebia. Agora todo o muro chama atenção — diz ela.
A cada quatro meses, a estrutura será repaginada. Na primeira etapa, que fica exposta até o aniversário de Porto Alegre, em março de 2022, mais de 10 painéis contarão curiosidades e trarão registros históricos sobre a fundação do Porto dos Casais.
Tais telas terão QR Codes que acessam informações aprofundadas referentes às imagens, que serão entrecortadas por reproduções de obras clássicas cedidas por cinco museus gaúchos: pinacotecas Ruben Berta e do Instituto de Artes da Universidade Federal do RS (UFRGS), Museu de Arte do RS (Margs), Museu de Arte Contemporânea do RS (MACRS) e Fundação Iberê Camargo.
Depois da história da criação da cidade, as próximas etapas do projeto vão tratar de temas como música, literatura, gastronomia, costumes, personalidades, entre outros.
— O muro tem uma narrativa, uma sequência lógica, que se inicia nas raízes e vem até a atualidade — completa Rafaella.
Grandes marcas estão adotando trechos para a viabilidade financeira do projeto em sua primeira etapa, que prevê dois anos de concessão, a ser estendida por outros dois anos, como Hospital Moinhos de Vento, Lojas Pompéia, Renner, Grupo RBS, Unisinos, UniRitter, Vivo e Warren.
Parte de um sistema complexo e integrado de proteção contra cheias do Guaíba, que soma mais de 2,6 quilômetros de comprimento, o muro tem em média três metros de altura e outros três metros abaixo do solo.
Ele foi erguido para evitar desastres como o da grande enchente de 1941, mas, desde sua construção, em 1972, é alvo de polêmica. O prefeito Sebastião Melo já defendeu levar ao chão o Muro da Mauá, e o governador Eduardo Leite acenou na mesma direção.
É provável que o edital de concessão que o governo do Estado deve lançar para o Cais Mauá inclua a diminuição ou até mesmo a demolição do muro. Estudos contratados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) avaliaram alternativas, como adiantou o colunista Jocimar Farina. A definição, porém, vai ser dada pelo concessionário do cais, após aprovação do governo do Estado e da prefeitura.