A sujeira acumulada chamou atenção de quem aproveitou a tarde desta terça-feira (21) para passear pela orla do Guaíba, em Porto Alegre. Não eram apenas galhos e troncos de árvores arrastados até as margens. O lixo acumulado no local incluía cápsulas de café, garrafas de vidro e de plástico, calçados, pedaços de isopor e sacolas de supermercado.
Tudo por conta do vento do quadrante sul contínuo e as fortes chuvas que atingiram a Capital nos últimos dias. As rajadas levaram a sujeira para as margens do Guaíba, no Trecho 1 da orla, próximo às quadras de esporte. O vento superou os 22 km/h na cidade, conforme radar da Aeronáutica. Além do lixo, o odor também chamou atenção de quem passava pela área.
Nilson Paz, 57 anos, é vendedor de sucos e estava passando pelo local. Ele lamentou a quantidade de lixo espalhado.
— Dá muita tristeza agora, né. Nos anos 1970, meu pai trazia a gente para tomar banho. Eu cheguei a tomar banho aí. Dá muita saudade. Tomara que façam um projeto para que algo ocorra no futuro — comentou.
Um catador de lixo que passava pela região comentou que, pela manhã, recolheu alguns materiais para serem reciclados. Mas o vento forte durante o dia todo movimentou bastante as águas, o que fez com que uma nova leva de resíduos chegasse ao local.
O secretário de Serviços Urbanos de Porto Alegre, Marcos Felipe Garcia, concedeu entrevista ao programa Gaúcha Mais nesta tarde, e destacou que uma equipe atua na orla de forma especializada para recolher produtos jogados no local. Segundo ele, além da sujeira irregular depositada no Arroio Dilúvio, os usuários da orla do Guaíba não fazem o devido descarte dos materiais.
— Há uma equipe especializada em balneário que faz esse tipo de recolhimento. Essa sujeira é fruto do descarte irregular no Guaíba, e isso retorna. A gente sabe que tem um pessoal que chega à noite curtindo sem a responsabilidade de colocar o lixo na lixeira. De fato, quando amanhece o dia, ficam cenas lamentáveis — comentou.
Para o professor Nelson Ferreira Fontoura, diretor do Instituto de Meio Ambiente da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), além do vento, um segundo fator corrobora para o acúmulo de lixo na região: as chuvas constantes dos últimos dias.
— O vento sempre vai concentrar em alguma das margens. Além disso, na bacia do Dilúvio, temos várias ocupações irregulares. Por inúmeros fatores, elas jogam lixo no próprio arroio. Quando o volume do arroio é baixo, o lixo fica acumulado. Mas toda vez que ocorre uma chuva mais forte, esse lixo é carregado. E, dependendo da direção do vento, pode ficar retido em algum lugar — comentou o especialista.