Gosto da origem do verbo educar. Vem do latim educare, que significa "conduzir para fora". Não é bonito? Educar, portanto, é preparar as pessoas para o mundo, para viver em sociedade, ou seja, é direcioná-las para fora de si próprias.
Em países onde a educação vai mal, naturalmente, o convívio em sociedade tende a ser pior, porque as pessoas seguem aprisionadas na própria individualidade. Veja a forma como elas se relacionam com o espaço público, por exemplo.
O espaço público, na cabeça das pessoas sem educação, não é um lugar que pertence a todos – inclusive a elas mesmas. É um lugar que não pertence a ninguém. E, se não pertence a ninguém, não há por que cuidar dele. Esse ponto de vista, enraizado em sociedades mal-educadas, explica as montanhas de lixo que se acumulam na orla do Guaíba sempre que faz calor em um fim de semana.
Pegue as mesmas pessoas que deixaram aquele rastro de imundície – que os garis levaram horas para limpar, na manhã de segunda-feira (9) – e leve para um shopping. Elas terão vergonha de jogar papel no chão, porque aquele é um ambiente privado: sabe-se que pertence a "alguém".
Há quem diga que faltam lixeiras na Orla – ou que elas ficam cheias muito rápido. Ora, provavelmente nunca haverá lixeiras suficientes para dar conta de dezenas de milhares de pessoas em um fim de semana ensolarado. Isso não é desculpa: se o cidadão consegue trazer o lixo, supõe-se que também consiga levar embora. Mas, já que o espaço "não é de ninguém", é como se o problema não fosse dele – embora seja ele quem desfrute da área.
Para a situação mudar, ainda falta um tanto, mas não é impossível: basta aprenderemos a conviver em sociedade. Ou seja, basta sermos conduzidos para fora de nós mesmos. Basta educação.