Fiquei pensando, imagine o pavor daquele motorista que andava devagarinho, a 10 por hora, em uma esquina alagada na zona leste de Porto Alegre, quando, de repente, foi engolido pelo chão. Já pensou?
Isso foi por volta das 5h30min de ontem, no cruzamento das ruas 9 de Junho e 26 de Dezembro, no bairro São José. O problema foi que uma adutora, na noite anterior, tinha se rompido embaixo da terra, provocando o alagamento e fazendo o asfalto ceder. A Fiat Elba ficou lá, com a parte dianteira submersa no buraco e com a traseira apontando para o céu.
Não houve nada com o motorista, felizmente. Teve danos materiais, claro, mas o próprio Dmae já disse que irá ressarci-lo. O que me deixou surpreso, na verdade, é essa imprevisibilidade das redes de abastecimento de água.
Eu sei, rompimento de tubulações é algo comum no mundo inteiro – se acontece em casa, também pode acontecer na rua. Mas é diferente quando se fala em adutoras: são cilindros com 50 centímetros de diâmetro; a pressão dentro deles é violentíssima. Não é muito seguro, portanto, ter adutoras estourando por aí.
Falei com o diretor-geral do Dmae, Alexandre Garcia, e ele concorda. Trata-se de um problema, segundo ele, com maior chance de ocorrer justamente em regiões com as características do bairro São José, onde a Elba foi tragada.
– Houve uma ocupação desordenada naquela área – diz o diretor.
Ou seja, nos últimos anos, foram chegando ali cada vez mais prédios, residências, puxadinhos, ocupações irregulares, e isso fez o consumo de água aumentar demais. Sem conseguir dar conta, a adutora se rompeu, coitada. Mas, segundo Alexandre, o reservatório da região está sendo ampliado, o que deve melhorar a situação.
O fato é que vários pontos da cidade precisam disso: mais infraestrutura para suportar uma demanda que só cresce. O Dmae tem trabalhado nisso, mas dificilmente vai alcançar a velocidade do mercado imobiliário. Por via das dúvidas, melhor sempre evitar os alagamentos.