- Um grupo de rodoviários protesta nesta segunda-feira contra a proposta de desestatização da Carris
- O ato, em frente à garagem da empresa, afeta a circulação de ônibus na Capital
- Conforme a Carris, todas as linhas estão sendo atendidas, mas com número reduzido de viagens — algumas foram remanejadas, sendo atendidas por outros consórcios
- Táxis-lotações foram autorizados a transportar passageiros em pé
Rodoviários ligados à Carris realizam um ato que afeta a circulação dos ônibus da companhia na manhã desta segunda-feira (23) em Porto Alegre. O grupo é contrário ao projeto apresentado pela prefeitura à Câmara de Vereadores que propõe a desestatização da empresa.
O protesto ocorre em frente à garagem da Carris, no bairro Partenon, na Zona Leste. Às 4h40min, cerca de 150 pessoas estavam no local e decidiram aderir ao ato.
Guarda Municipal, Brigada Militar e Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) acompanham a manifestação, que não tem previsão de encerramento. A Rua Albion está bloqueada, e os ônibus saem pela Avenida Ceres, uma via lateral, onde a BM montou um cordão.
Um dos trabalhadores que integra a comissão é o motorista de ônibus Marcelo Weber. Ele destaca que o ato visa sensibilizar as autoridades sobre a importância da companhia.
— Vamos conversar com todos os colegas para conscientizar sobre a importância de cruzar os braços e mostrar que somos totalmente contra o projeto que prevê a desestatização da Carris. Não queremos que o projeto seja votado — disse, ponderando que não está descartada uma greve dos funcionários.
Ainda conforme a comissão, os funcionários também são contrários ao projeto que prevê a retirada gradual de cobradores dos coletivos da Capital. A prefeitura afirma que "mantém diálogo frequente com a categoria" e que "em 15 dias os trabalhadores foram recebidos em duas ocasiões pelo prefeito Sebastião Melo e pelo vice-prefeito Ricardo Gomes".
Os rodoviários aguardam para serem chamados para conversar com o prefeito. O presidente do sindicato dos Rodoviários de Porto Alegre, Sandro Abbade, diz que a categoria quer tempo para discutir a privatização da Carris.
— Tem dois projetos na mão do prefeito. Um plano de demissão voluntária e um de retirada de 102 ônibus de circulação para que a empresa saia do vermelho e se recupere.
Circulação dos ônibus nesta segunda-feira
Conforme a Carris, todas as linhas estão sendo atendidas, mas com número reduzido de viagens. Algumas foram remanejadas e estão sendo atendidas por outros consórcios da Capital.
Por volta das 8h30min, 66 coletivos da empresa estavam circulando — normalmente, no horário, seriam 176.
Os táxis-lotação foram autorizados a transportar passageiros em pé. O valor cobrado é o da tarifa regular desse tipo de transporte: R$ 7. O cartão Tri é aceito nas lotações somente se carregado com passe-antecipado. Não são aceitos os cartões que tenham o valor como vale-transporte.
Prefeito se manifesta sobre protesto
O prefeito Sebastião Melo se manifestou por meio do Twitter, por volta das 6h30min. Segundo ele, a manifestação na Carris é "inoportuna" e foi orientado "o corte do ponto e do salário" dos participantes.
"A greve da Carris é inoportuna e acontece justamente no momento em que a cidade busca retomar a normalidade. Ainda há muita gente desempregada e aqueles que possuem salário em dia, às custas do erário público, cruzam os braços. Já foi orientado o corte do ponto e do salário", escreveu.
Melo afirmou ainda que a Carris custa "21% a mais do qualquer consórcio privado" e que desestatizar a empresa "significa ter uma passagem mais barata e um serviço mais eficiente a todos os porto-alegrenses".
Atraso de quase uma hora
Apesar do reforço de outras empresas, algumas linhas da Carris ficaram desassistidas no começo da manhã desta segunda-feira. Às 6h30min, não havia passado nenhum T4 na Rua Dr. Campos Velho — um atraso de 50 minutos, segundo o encarregado de obras Itamar Fortuna, 41 anos.
— Já avisei o chefe que vou chegar atrasado — disse.
Em outro ponto da Zona Sul, na Avenida Chuí, outro profissional da construção civil esperava pelo T4 há mais de 30 minutos.
— Quem perde sou eu, que não vou ter mais o cartão da assiduidade — lamentou.
Monitorando o itinerário na saída dos coletivos, uma agente da EPTC confirmou que nenhum T4 tinha entrado em circulação na mesma faixa horária reclamada pelos usuários. Um T11 do consórcio Viva Sul passou lotado, com passageiros em pé, pela Avenida Cavalhada às 6h40min.