A verdade é que nem a prefeitura acredita na privatização da Carris. Mas o projeto em tramitação na Câmara de Vereadores também autoriza o município a liquidar a estatal – e deve ser por aí o caminho que o governo Sebastião Melo vai seguir.
Depois da audiência pública, marcada para a noite desta quinta-feira (12), o projeto ainda deve levar um mês para chegar ao plenário da Câmara. Após ser aprovado (essa é a tendência), a prefeitura iniciará o processo de privatização – mas sem muito otimismo, afinal, quem vai comprar uma empresa deficitária que integra um sistema deficitário?
– Por enquanto, não há interessados – reconhece um membro do governo.
Se der errado, ou seja, se ninguém comprar a Carris – o que é bem provável –, a prefeitura vai partir para a liquidação da estatal. Só com o passivo trabalhista, o gasto do município passará dos R$ 18 milhões, sem falar nas indenizações que os cerca de 2 mil demitidos terão direito a receber.
Mas a venda do terreno da empresa, no bairro Partenon, deve cobrir as despesas: calcula-se que o imóvel valha mais de R$ 40 milhões. Só que tudo isso leva tempo – houve liquidações de estatais que se arrastaram por décadas no Brasil. É possível que o caso da Carris seja bem mais rápido, mas ações judiciais e manifestações de órgãos de controle são praticamente inevitáveis.
O passo seguinte, depois de liquidar, é licitar as linhas que a empresa opera atualmente. Até lá, a expectativa da prefeitura é de que o sistema de transporte coletivo, hoje arruinado, já esteja um pouco mais atrativo – cá entre nós: sem as medidas estruturais, que ainda não vieram, eu não teria tanta esperança.
De qualquer forma, até existem empresas de São Paulo e do Rio de Janeiro que poderiam se interessar pelas linhas. Mas não faz sentido achar que o fim da Carris será a solução de todos os males.