Ainda sobre os ônibus: a privatização da Carris, estatal que responde por 26 das 221 linhas de Porto Alegre, surge agora como uma espécie de tábua de salvação para o sistema de transporte coletivo. Não dá para cair nessa.
Na terça-feira (15), o prefeito Sebastião Melo posou para fotos, em seu gabinete, assinando o projeto de lei que, se for aprovado pelos vereadores, permitirá ao governo vender ou liquidar a Carris. Em entrevistas, Melo tem dito que o dinheiro do município sugado pela empresa – neste ano, deve ser algo em torno de R$ 47 milhões – poderia ser injetado diretamente no sistema de transporte.
Com esse novo subsídio, portanto, a passagem de ônibus ficaria mais barata sem que fosse necessário, por exemplo, taxar algum setor da sociedade para financiar o sistema. Uma maravilha. Mas a questão é: quem vai comprar a Carris? Ninguém tem interesse em uma empresa deficitária que faz parte de um sistema deficitário.
Outra hipótese seria liquidar e fechar a estatal. Ainda assim, alguém precisaria assumir as linhas que a Carris opera hoje. De novo: quem vai topar entrar em um sistema mergulhado em prejuízo?
Em resumo, privatizar ou extinguir a Carris até pode ser uma boa. Mas não faz sentido achar que essa é a salvação do arruinado e malgerido transporte coletivo de Porto Alegre.