Prometendo uma variedade de "carnes", pratos quentes, saladas e sobremesas, a churrascaria vegana do Picanhas Grill Veg chega causando expectativas em vegetarianos, veganos e até no público que consome carnes, mas aprecia a comida do local. Com previsão de inuguração para o começo de setembro, o espaço na Avenida Plínio Kroeff, no bairro Rubem Berta, já começou a ser reformado e adaptado.
No cardápio, todos os itens indispensáveis a uma churrascaria gaúcha clássica, mas adaptados: "carnes" no espeto, recheadas, a milanesa e ao molho de alho, calabresa, salsichão, entrevero, pão com alho e também o abacaxi assado com canela. Nos pratos quentes, arroz, massas com diferentes molhos, polenta com queijo, carreteiro, strogonoff e vários tipos de frituras, como enroladinho, coxinha e pastel de queijo. As sobremesas trarão bolos, pudim e sagu. Os pratos irão mudar diariamente.
Nesse caso, as "carnes" são vegetais, feitas a base de seitan (que vem do glúten do trigo) e soja, por exemplo. Queijos, massas, maionese e demais itens oferecidos não levam ovos, leite ou qualquer tipo de derivado animal. Para isso, o restaurante conta com alguns parceiros que fabricam produtos veganos, mas a maioria dos alimentos é feita no local. Os itens foram desenvolvidos e aperfeiçoados no último ano, como o bacon, o cheddar e o bife a parmegiana.
O restaurante contará com buffet e uma chapa com os grelhados, além dos espetos que passarão pela mesas. O valor por pessoa ainda não foi definido, mas a direção garante que o preço será acessível, para receber todos que quiserem degustar as opções.
O espaço será a realização de um desejo antigo, conta a responsável pela novidade, a empresária Zelinda Lima, 49 anos:
— É o meu sonho. É o que a gente sempre quis fazer, um lugar para as pessoas que não comem carne poderem aproveitar sem sentir falta de nada, de nenhum sabor. Um local para desmistificar a crença de que ser vegano é caro, que não tem opções, que é sem gosto. E a gente quer atender todo mundo, todos serão bem-vindos aqui — conta Zelinda.
O local funcionou por cerca de cinco anos como uma churrascaria tradicional, até junho de 2020, quando a família decidiu "veganizar" o negócio. Conforme Zelinda, a maior parte dos pratos quentes já eram veganos há anos, mas o local ainda servia carne animal. Quando o espaço deixou o item de fora do cardápio de vez, a mudança foi anunciada aos clientes:
— Eles foram bem receptivos. Na época, a gente tinha o buffet e servia muita gente. O pessoal vinha, olhava, experimentava. Alguns não quiseram provar, mas muitos saiam dizendo que não sentiram falta de nada, foi uma alegria para a gente — lembra Zelinda.
Depois, com o avanço da pandemia, o restaurante passou a operar apenas com refeições por delivery, como atua até hoje.
Mudança de hábitos
Natural de Arvorezinha, Zelinda relata que se tornou vegana aos 21 anos. Inspirada no movimento Hare Krishna, ela conta que passou a mudar sua visão sobre a alimentação e os animais:
— Eu sou da filosofia que acredita que o animal é tão importante quanto o ser humano, e a gente sabe que eles sofrem muito nesse processo todo — resume.
Marido da empresária e também responsável pelo negócio, Evandro Rodrigues dos Santos, 38, ainda consumia carne quando o casal se conheceu. Natural de Porto Alegre, ele trabalha no ramo há 18 anos, e chegou a atuar como gerente de uma churrascaria em Caxias do Sul. Era também o sonho de Evandro montar o próprio negócio.
Há quase seis anos atrás, os dois combinaram de começar juntos o negócio próprio, com a condição de que Zelinda pudesse fazer adaptações. Aos poucos, ela foi mudando o cardápio: tirou o bacon do feijão, trocou a massa que continha ovos por uma sem o ingrediente.
No contato diário com a esposa e as duas filhas do casal, que são veganas, Evandro também iniciou uma transição:
— Eu fui vendo que é uma vida mais leve. Se você janta um xis cheio de carne, fica pesado, com dificuldade para dormir, por exemplo. Mas, as vezes, preparamos pizzas veganas para a gente e dá para comer tranquilamente — explica ele.
Diante de mais uma mudança no negócio, o casal se prepara para o desafio, mas diz que está confiante:
— A gente já passou por muita coisa. Quando abrimos aqui, não entrava quase ninguém. A gente enchia de comida, fazia de tudo. Teve uma sexta-feira que chegaram só três pessoas para almoçar. Não foi fácil. Aos poucos, foram chegando clientes. Agora, faremos essa nova mudança. A comida vegana evoluiu muito, temos clientes que não são veganos e pedem lanche conosco. Nosso local é simples, mas a comida boa a gente garante.