Manifestantes foram às ruas no centro de Porto Alegre para protestar contra o presidente Jair Bolsonaro no dia em que o país atingiu a marca de 500 mil vítimas da covid-19. Protestos foram realizados em várias cidades brasileiras neste sábado (19).
Com cartazes a favor da vacina, acusando o presidente de "genocida" e defendendo medidas como o uso de máscara, os manifestantes se concentraram no Largo Glênio Peres, ao lado do Mercado Público. Um pouco antes das 16h, quando começava a chuva, iniciaram uma caminhada pelas avenidas Júlio de Castilhos, Mauá, Presidente João Goulart e Loureiro da Silva.
A caminhada terminou no Largo Zumbi dos Palmares, onde dezenas de velas foram acesas no chão em homenagem às vítimas da covid-19 no Brasil. Os primeiros manifestantes chegaram ao ponto final do ato por volta das 17h20min, enquanto ainda tinha gente marchado na região da Usina do Gasômetro, a mais de um quilômetro dali.
A reportagem de GZH não localizou pessoas sem máscara. Ainda que a maior parte respeitasse o distanciamento, havia grupos com manifestantes caminhando bem próximos uns dos outros. Os ocupantes do carro de som pediam que o distanciamento fosse observado.
A auxiliar Natali Nascimento de Oliveira, 28 anos, saiu de Canoas, na Região Metropolitana, com um cartaz escrito à mão: "Minha mãe não é mimimi". Filha da dona de casa Dalila Nascimento, 64 anos, ela conta que a mãe morreu de covid-19 em 25 de março, uma semana antes de chegar sua vez de se vacinar:
— Se tivesse sido imunizada, estaria aqui. Quero justiça por ela e por todos os 500 mil mortos, que infelizmente serão bem mais.
No caminhão de som que puxava a manifestação, lideranças de esquerda pediam a condenação do presidente pela forma que responde à pandemia. Parlamentares como Luciana Genro (PSOL), Paulo Pimenta (PT), Fernanda Melchionna (PSOL), Maria do Rosário (PT) e a candidata derrotada à prefeitura de Porto Alegre Manuela d'Ávila (PC do B) estavam entre os políticos que participaram do ato.
Além de pedir a queda de Bolsonaro, algumas pessoas trouxeram outras reivindicações, como a contrariedade ao aumento da passagem de ônibus para R$ 5,20 em Porto Alegre. Um grupo de indígenas da região do Cantagalo, no interior de Viamão, também levou faixas contra o Projeto de Lei nº 490/07 que pretende modificar o processo de demarcação de terras.
No início da caminhada, na Avenida João Goulart, alguns manifestantes caminharam sobre o arco que decora a entrada da Estação Mercado da Trensurb, e foram retirados pela Brigada Militar. O protesto foi pacífico e não houve confusões.