O nome, Sandubão e Amigos, já não contempla todas as ações de um grupo que nasceu na faculdade de Educação Física do Centro Universitário Metodista IPA, no bairro Rio Branco, em Porto Alegre.
Em março de 2020, quatro colegas de turma decidiram fazer sanduíches, entregues com um copo de leite para amenizar a fome de quem vive em situação de vulnerabilidade. Mais de um ano depois, o lanche virou cesta básica, e a ida à periferia se tornou semanal.
O incremento nas doações tem um motivo claro, facilmente perceptível nas ruas: a pandemia de coronavírus ceifou empregos, agravou a situação e fez crescer a desigualdade nas comunidades.
— Conforme o ano foi passando, a miséria aumentou. Escutamos muitos que perderam o emprego, que a empresa que trabalhavam fechou — conta a professora Marina Ávila, 28 anos.
No domingo (23), 60 famílias da vila Asa Branca, no bairro Sarandi, zona norte da Capital, foram contempladas com as sacolas repletas de alimentos não perecíveis. Imagens registradas pelo grupo, postadas no perfil do Instagram @sandubaoeamigos, mostram a realidade do local: barracos de madeira, frestas nas paredes, que ampliam a sensação de frio, e ruas de chão batido repletas de barro.
Alguns dos moradores auxiliados são venezuelanos, que vieram ao Brasil em busca de uma vida com mais oportunidades. Parte deles não teve sucesso no Rio Grande do Sul, como comprova a situação vista nas vielas visitadas pelos voluntários.
O empreendedor Fabiano Antunes, 35 anos, tem no celular fotos dos pães sendo montados, para as primeiras doações. Lembra com orgulho ter sido um dos idealizadores da iniciativa, ao lado da esposa.
— Eu medito constantemente: como posso conduzir as pessoas a um caminho feliz, e fazer com que adquiram oportunidade de uma vida sem fome? — resume.
O projeto que começou com quatro colegas do IPA tem, atualmente, 30 voluntários. Eles participam da coleta, organização e divulgação, além das entregas.
Com a proximidade do inverno, já sentida nos termômetros, uma campanha do agasalho foi criada — desta segunda-feira (24) até o dia 25 de junho, as roupas podem ser doadas na FB Estética Automotiva (Rua Zeferino Dias, 346, bairro Sarandi).
A falta de um calçado que proteja da umidade é, visivelmente, o que mais toca a professora Marina. Em alguns dias, admite, prefere fazer o voluntariado a distância, na administração das doações.
— É doloroso, principalmente ver as crianças passando frio, de chinelo de dedo ou até com os pés de fora — lamenta.
Quem quiser ajudar, pode depositar qualquer valor, entregar pacotes de comida ou agasalhos. O contato é pelo WhatsApp da professora Marina Ávila: (51) 9-8275-1898. No Instagram @sandubaoeamigos, as imagens das entregas são postadas. Toda verba tem prestação de contas, em uma lista detalhada das compras, garantem os organizadores.