A véspera de Páscoa começou com grande público nas ruas e comércio movimentado na região central de Porto Alegre. Às 11h deste sábado (3), uma rede varejista registrava filas com quase uma centena de clientes, desde as proximidades da Rua Uruguai até a Praça da Alfândega, no Centro Histórico. Na entrada da loja, um atendente aferia a temperatura. Por algumas vezes, ele abordou as pessoas e as orientou a manter o distanciamento. Marcações no chão foram pintadas para separar o público, mas as pessoas se mantinham em uma distância inferior a dois metros.
As compras se concentraram nos doces, segundo compradores e comerciantes.
— Eu quero um ovo de chocolate. Grandão assim — explica Ana Sanna, 12 anos, fazendo para os pais um sinal com as duas mãos.
O metalúrgico Alan Souza, 26, e a esposa, a estudante Gabriela Augusto, 21, deixaram a compra para a última hora. Os ovos irão para o filho Wallace, 3 anos.
— Ontem era feriado, então deixei pra comprar os ovos para o nosso filho hoje — explica.
A Rua dos Andradas tinha visivelmente público superior ao de dias de semana, percepção compartilhada pelos trabalhadores.
A maioria dos pedestres passava indiferente aos acessórios de telefonia celular vendidos por um ambulante. Atuando há 30 anos de maneira informal na Capital, cita as restrições impostas pelos decretos para justificar a dificuldade de manter o pequeno comércio. E avalia que o movimento deste sábado é justificado apenas pela data deste domingo (4).
— Só tem gente comprando chocolate. Olha bem, é só aqui, as outras todas vazias — aponta, com razão.
Obrigatório, o uso da máscara foi respeitado por boa dos pedestres, tanto no passeio quanto dentro dos estabelecimentos. Alguns vendedores retiravam o acessório ao anunciar seus produtos, como película para telefone celular, compra e venda de ouro e serviços na área da beleza.
Lojas de sapato e de vestuário na Esquina Democrática e na Rua Vigário José Inácio não tinham qualquer venda sendo realizada, e contavam com vendedores organizando os produtos.
O empresário palestino Issa Rahasan, 55, diz estar vendendo 30% daquilo que negociava nesta época em 2019, pré-pandemia. Dono de uma loja que vende principalmente roupas jeans, ele mostrava os corredores vazios.
— O pessoal não tá com dinheiro, quem é autônomo perdeu a renda, tá horrível - reclama.
A Rua Voluntários da Pátria concentrou muito público na via e também nas calçadas. Contudo, havia clientes somente nos atacados e estabelecimentos com foco em chocolates.
De Ronda Alta, norte do Estado, uma família caingangue vendia cestas de vime. Marciana Prudente, 21, e Carlos Eduardo Correia, 20, montavam os embrulhos com uma espécie de papel laminado azul e amarelo. A viagem de 300 quilômetros foi feita no início da semana.
— Ajuda muito na renda. Às vezes a gente vende umas 50 em um dia — calcula a indígena.
As vendas podem seguir até as 20h no comércio de rua. Restaurantes, bares e lancherias podem atender clientes nos seus espaços internos até as 18h. O pegue e leve segue após esse horário, até as 20h. Supermercados têm limite de abertura fixado em 22h, em todo o Rio Grande do Sul.
A abertura foi autorizada a partir de acordo entre o Governo do Estado e varejistas. Na quinta-feira (2), o Piratini informou que a liberação era “pontual e cuidadosa”, e garantiu que todos os protocolos de segurança sanitária seriam seguidos. As restrições entre 20h e 5h serão mantidas na próxima semana, até o dia 9 de abril.