Em reação à reportagem do jornal The New York Times publicada no sábado (27), que destacou Porto Alegre como o "coração de um colapso monumental no sistema de saúde do Brasil", o prefeito Sebastião Melo (MDB) disse que o texto não retrata a realidade.
— Os problemas do Brasil com a pandemia são iguais. A forma de enfrentar é que é diferente. E temos várias ações a destacar — falou Melo neste domingo (28).
Segundo o prefeito, a Capital vai completar nesta segunda-feira (29) a marca de 200 mil vacinados com a primeira dose.
— Nós ampliamos a testagem, ampliamos horários de atendimento nas unidades de saúde, abrimos hospitais, foram 665 leitos novos ou convertidos em 30 dias, além de 249 de UTIs — listou Melo.
Ainda sobre a reportagem do The New York Times, o prefeito comentou que uma frase dele, dita em uma live, foi tirada de contexto:
— Sempre fui comprometido com a defesa da saúde, nunca neguei a doença, defendo distanciamento social, tenho combatido festas clandestinas. Mas tenho minha posição, acho que reabrir a cidade com equilíbrio é o que devemos fazer.
Sobre o decreto que emitiu na sexta-feira contrariando orientações estaduais, o prefeito afirmou que só o fez porque o governador Eduardo Leite (PSDB) rompeu o modelo de cogestão sem dialogar com os prefeitos.
— Foi uma resposta à decisão unilateral do governador. Se me chamasse para conversar, mostrasse comprovação de que o vírus circula mais no final de semana, eu aceitaria. Mas palavra empenhada para mim é ouro e ele rompeu sem conversar. Minha opinião é de que Leite decide mais na política do que de forma científica — afirmou o prefeito.
O decreto de Melo, que flexibilizava a abertura do comércio, bares e restaurantes no final de semana e feriado, sofreu duas derrotas na Justiça. A prefeitura vai aguardar a próxima manifestação do governador sobre o sistema de classificação de bandeiras. Por enquanto, todo o Estado está enquadrado em bandeira preta.
Questionado sobre se estaria “jogando para a torcida” ao emitir regras mais flexíveis do que as do governo estadual, já que conhece a linha da Justiça, que tem decidido em favor de normas mais rígidas, Melo negou:
— Nosso governo tudo que não fez e não fará é jogar para torcida. Tenho governado com responsabilidade. Quem tem jogado para a torcida um pouco é o governador. Ele rompeu a cogestão sem falar com os prefeitos. Devolveu uma cogestão precária. Na cogestão, é preciso conversar para dividir responsabilidades. Caso contrário, é imposição.
Melo garantiu que está acatando a decisão da Justiça e que determinou firmeza na fiscalização das normas definidas por Leite.
— Não é momento de fazer disputa. O momento é de salvar vidas e eu vou caminhar nessa direção. Por mais que tentem me fazer brigar com o governador, eu tenho uma posição diferente da dele, mas temos relação boa — finalizou o prefeito.