No primeiro final de semana de mandato, o prefeito Sebastião Melo visitou comunidades afastadas do centro de Porto Alegre, deixando um rastro de expectativa. As promessas do novo gestor, feitas nos dias 2 e 3 de janeiro, iam de limpeza de arroios em diversos pontos à qualificação da orla do Guaíba no Extremo Sul.
Passado um mês, no bairro Mario Quintana, Zona Norte, moradores da Vila Atenis relatam que já ocorreu poda de árvores, limpeza de focos de lixo irregulares e também do arroio — o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) informa que atendeu 49 solicitações de demandas pluviais no Mario Quintana, incluindo 27 de limpeza de boca de lobo.
Mas já é possível ver roupas, embalagens e outros tipos de resíduos dentro da água do riacho novamente, que emana um cheiro forte de esgoto.
— Tem que vir de tempo em tempo limpar o valão, há muito tempo atrás era assim — diz a dona de casa Simone Rangel, 52 anos.
Outra promessa de Melo foi substituir um pontilhão de madeira improvisado por moradores por uma estrutura adequada. Simone é uma das pessoas que precisam atravessar sobre as tábuas de madeira, algumas aparentando estar podres, para chegar em casa. Relata que já escorregou e se machucou nele. Segundo a dona de casa, 13 crianças moram do mesmo lado do arroio que ela, e atravessam a estrutura sem proteção.
Líder comunitária e conselheira do Orçamento Participativo, Denise das Neves Flores Oliveira está animada com a promessa: conta que está em constante diálogo com a Secretaria de Obras e Infraestrutura. A prefeitura informa que já foi finalizado o projeto e que o orçamento está sendo atualizado — a obra deve ser realizada como contrapartida de algum projeto privado. Será uma ponte metálica, com guarda-corpo, de dois metros de largura. Não foi dada previsão de quando será instalada.
Outras demandas dos moradores da Vila Atenis passam pelo abastecimento de energia elétrica (hoje, a luz é obtida por "gato"), a retomada do Bota-Fora no local e alguma intervenção mais definitiva no valão, pensando em reduzir os problemas de cheias.
Na zona sul da Capital, região onde mora o prefeito, as promessas de Melo no começo do ano começaram a ser executadas em apenas um dos pontos visitados pela comitiva. Localizada no Extremo Sul, a orla do Lami recebeu churrasqueiras em concreto armado e lixeiras, e novos bancos estão sendo instalados.
A ampliação dos acessos à praia, prometida pelo chefe do Executivo, deu-se, segundo a prefeitura, através do manejo de juncos em três pontos do Lami. A assessoria de imprensa informou que “foram escolhidos locais em que não fosse necessária a remoção de árvores ou de vegetação nativa arbustiva e que não contassem com ninhos de aves aquáticas”.
Já os chuveiros enferrujados ainda aguardam por substituição, assim como os banheiros, que, apesar de limpos, precisam de reparos. Segundo a prefeitura, o Dmae "iniciou a manutenção dos chuveiros", removendo o que "estava em más condições". Um novo modelo está sendo confeccionado por uma equipe do Dmae, em fase de protótipo.
Em relação aos sanitários, o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) diz que estão sendo feitos levantamentos de custos e a elaboração do projeto de melhoria. A previsão é de que todos os trabalhos sejam concluídos até o fim de fevereiro.
Se no Lami as obras começaram a andar, no Parque Zenon Simon, no Guarujá, quase nada mudou desde a visita do prefeito. Ainda há churrasqueiras avariadas e brinquedos enferrujados, além de quiosques com telhas quebradas. A quadra poliesportiva, com marcações desgastadas, leva pichações, enquanto o campo de futebol ostenta falhas no gramado. A estrutura sobre o Arroio Capivara, que deveria ter passado por uma "avaliação de estrutura", está com partes quebradas.
A situação mais crítica, porém, é a dos sanitários. Segundo funcionários que trabalhavam no local na manhã de terça-feira (2), o vazamento que forma uma poça que vai da lateral até a parte de trás da construção vai fazer aniversário em março. No banheiro feminino, uma porta está com a tranca estragada, e o sanitário para cadeirantes, sem caixa de descarga, foi interditado.
— Sempre mantenho limpinho, mas não dá pra usar porque não tem a caixa — contou a funcionária.
Segundo a prefeitura, assim como no Lami, a situação dos sanitários no Guarujá passa por "levantamento de custos" e a elaboração de um projeto de melhoria. Já as outras intervenções prometidas não contam com previsão orçamentária. Quando o orçamento for aprovado, a expectativa é de que os serviços sejam executados em cerca de um mês a partir da data de início, que não foi estimada pela prefeitura.