Escondida por tapumes desde janeiro do ano passado, quando foi isolada para obras, a Usina do Gasômetro deve passar mais tempo do que o previsto inacessível aos porto-alegrenses. Desde que teve ordem de início, em janeiro de 2020, a obra de revitalização avançou apenas 28,38%. A conclusão, prevista inicialmente para março de 2021 e adiada para dezembro, agora só deve ocorrer em 2022.
O principal motivo para o atraso nos trabalhos foi a assinatura de um termo aditivo, no fim de janeiro. A adaptação fez-se necessária em razão de entraves estruturais encontrados depois do começo da obra, que exigiram adequações no projeto.
— Descobriu-se que tinha uma dificuldade estrutural na quarta laje, que seria o teto do teatro e funcionaria como piso da área de gastronomia. Percebeu-se que não havia sustentação necessária para a estrutura — explica o secretário de Cultura, Gunter Axt, que destaca que a pandemia também interferiu no andamento dos trabalhos.
O novo prazo estimado é fevereiro do ano que vem, mas, segundo o titular da Cultura, pode ser alterado — a pasta aguarda pelo documento definitivo. Além de esticar o prazo para a conclusão do serviço, a mudança encareceu a obra, que passou de R$ 11,4 milhões para quase R$ 14 milhões. Destes, R$ 10 milhões serão financiados pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) e o restante pela prefeitura. Para contar com o recurso do CAF, no entanto, a obra tem de ser finalizada até 2022.
Ao que tudo indica, o cumprimento do prazo deve impor um desafio à prefeitura. Mais de 70% da obra terá de ser executada em um período não muito maior do que a empresa levou para se aproximar dos 30%. Em uma visita ao local, a reportagem constatou que o aspecto era ainda de demolição. Sem parte do piso e com diversas estruturas acomodadas no chão, oito funcionários trabalhavam no local — a Cultura informou que, ao todo, cerca de 30 trabalhadores atuam na obra.
Até o momento, segundo a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smoi), foram realizadas demolições de revestimentos, construção de escadas para acessibilidade, banheiros, escadas, remoção de reboco da fachada, impermeabilização, intervenções para instalação de elevadores, e fundações. O projeto inclui, entre outros pontos, a recuperação de pisos, infiltrações e a pintura do prédio, além de melhorias na estrutura e na parte elétrica, acessibilidade universal e atualização do PPCI.
Com a reforma, o cinema mudará de lugar: deixará o terceiro andar e irá para o térreo, abaixo do teatro. A alteração foi realizada por orientação das equipes de segurança, pois facilita a evacuação em emergências. A porta principal também será alterada. O acesso será pela parte lateral do prédio, de frente para a Orla.
No segundo pavimento será inaugurado o Teatro Elis Regina, no formato de arena — assentos em volta do palco poderão abrigar até 300 pessoas. Um restaurante deve ocupar parte do terraço. Haverá, ainda, duas novas escadas, uma voltada para os trilhos do aeromóvel e outra que dará acesso ao terraço, reforçando a ideia de independência dessa área.
A entrega da reforma marcará o fim de um período de mais de quatro anos de interdição de um dos prédios mais emblemáticos do Centro Histórico.