Mesmo com a incerteza em relação aos protocolos, entidades do comércio acreditam que não haverá fechamento das atividades após o novo mapa do distanciamento divulgado pelo governo do Estado na sexta-feira, colocando 11 regiões do Estado em bandeira preta. A principal esperança é o sistema de cogestão com municípios, onde associações regionais podem adotar protocolos específicos e mais flexíveis.
A reportagem de GZH conversou neste sábado (20) com órgãos do setor. De acordo com o presidente do Sindilojas Porto Alegre, Paulo Kruse, adotar as medidas da bandeira preta sem que haja alterações nos protocolos não é o ideal.
— Eu entendo que nós já pagamos um preço muito alto fechando vários meses. Tem que ter cogestão e outras soluções. Não podemos sempre pagar essa conta. Se tivermos que fechar, será o fechamento definitivo para muitas empresas — disse.
O presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) da Capital, Irio Piva, também acredita que o sistema de cogestão deveria ser mantido. Para ele, o governo do Estado tem capacidade de alterar protocolos para flexibilizar ações da bandeira preta.
— Se for confirmada a retirada da cogestão, é possível que algumas atividades sejam liberadas. É preciso ter cuidado com a saúde, mas também precisamos ter atenção à questão econômica. Esse tempo de pandemia ensinou muita coisa. Hoje se tem ideias diferentes sobre o que gera ou não contaminação — comentou Piva.
A indecisão sobre a manutenção da bandeira preta vai afetar inclusive o Liquida Porto Alegre. A tradicional promoção do comércio da Capital seria lançada na próxima terça-feira (23), mas deve ser adiada por conta das novas restrições.
Já o presidente do Sindicato de Hospedagem e Alimentação de POA e Região e empresário da gastronomia Henry Chmelnitsky, acredita que o sistema de cogestão será abandonado. Na visão dele, os dados sobre as internações por coronavírus são alarmantes, e adotar as medidas da bandeira preta seria o mais sensato. Ele defende que haja, principalmente, redução das vendas no horário das 22h às 5h, como propôs o governo do Estado.
— A gravidade da situação é imensa. Tudo mudou nesses últimos 15 dias. Medidas enérgicas são necessárias. Essa questão econômica que afeta a nossa categoria, mesmo estando aberta com horário reduzido, somente durante o dia, é melhor do que estar fechado — disse.
Mudanças nos setores
Pelos protocolos do distanciamento controlado, em bandeira vermelha, restaurantes com pratos a la carte podem operar com 50% da lotação e 50% dos trabalhadores. Em bandeira preta, os clientes não poderão sentar nos estabelecimentos e as vendas só poderão ser feitas por telentrega ou pelo sistema pague e leve.
Para lojas de roupas e calçados, por exemplo, a bandeira vermelha permite atendimentos presenciais desde que haja apenas somente uma pessoa 6 metros quadrados. Já na bandeira preta, os espaços fecharão e a comercialização não será permitida.
Atualmente, Porto Alegre e várias regiões do Estado estão em bandeira vermelha. No entanto, em função do regime de cogestão, utilizam medidas de bandeira laranja.