Com a chegada do período de reajuste da passagem de ônibus em Porto Alegre, previsto para 1º de fevereiro, a prefeitura corre em busca de alternativas para sustentar o sistema na Capital. Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, o secretário de Mobilidade Urbana, Luiz Fernando Záchia, defendeu a taxação do transporte por aplicativo como uma das medidas para socorrer o sistema de ônibus, o qual definiu como próximo do "caos".
Na escuta do programa, o prefeito Sebastião Melo enviou uma mensagem por WhatsApp para os apresentadores Daniel Scola e Rosane de Oliveira: "Não está na pauta taxar aplicativos. Isso é opinião de alguns membros do governo. O primeiro item da pauta deste tema é REPACTUAR O CONTRATO COM OS CONCESSIONÁRIOS, o que venho enfrentando resistência". GZH tenta contato com o prefeito para ter mais detalhes sobre essa medida.
Para defender a taxação dos aplicativos, Záchia ressaltou a função social do transporte coletivo e, por isso, a cobrança dos apps seria uma "questão de Justiça":
— O ônibus também tem uma função social importante para a sociedade. E o aplicativo fazendo concorrência a isso. Está comprovado isso. É uma modernidade, mas entendo que dentro do processo de haver uma Justiça tem que haver uma taxa, um pagamento, que se destinasse a um fundo. E, por esse fundo, subsidiar parcialmente o transporte coletivo.
— Não queremos transferir para o aplicativo a solução do ônibus. Queremos que a participação do aplicativo seja um dos componentes que vai minimizar (a situação do sistema) — ponderou.
Entre as alternativas, explica o secretário, estão questões que passam desde o adiamento do aumento dos salários dos rodoviários e a discussão sobre as gratuidades das passagens. Záchia, que já se referiu ao tema como "farra de isenções", defende a revisão do valor para os estudantes — a isenção de 50%, hoje dada a todos os estudantes, só valeria para os de baixa renda.
— Têm estudantes que pagam R$ 12 mil uma mensalidade de faculdade e têm meia passagem. Não tem justiça social. Os estudantes do Farroupilha, Anchieta, pagam mensalidade de classe média alta e pagam meia passagem — afirmou o secretário.
Contudo, o tema ainda carece de propostas concretas. Por lei, o próximo reajuste está previsto para 1º de fevereiro. Se fosse aplicar a planilha de custos, a passagem subiria de R$ 4,55 para um valor que variaria entre R$ 5,70 e R$ 6, "insuportável para os usuários".
O Executivo municipal busca um acordo com as empresas, concessionários, sindicatos de trabalhadores, com os taxistas, e o Judiciário. Indagado sobre o cenário caso não se chegue a um acordo, Záchia foi enfático:
— O pior possível. Primeiro, porque essa tarifa de R$ 6,00 reais é absolutamente inviável. Tenho certeza que o prefeito terá dificuldade. Se aproxima do caos. Todas as cidades, os entraves das capitais, estão com alternativas. Pelotas já deu demonstração;. havendo compreensão coletiva, do setor empresarial, público e legislativo, que estamos diante de uma dificuldade insolúvel. Só podemos nos viabilizar fazendo mudanças estruturais. Esta é a nossa disposição. Não vem no canetaço.