A definição sobre o preço da passagem de ônibus de Porto Alegre é aguardada pela Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP) em menos de duas semanas. As empresas aguardam que todo o trâmite seja cumprido até 1º de fevereiro.
A data está estipulada em contrato e também em um acordo firmado em setembro do ano passado no Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc). Na ocasião, a prefeitura se comprometeu a pagar R$ 39,3 milhões aos consórcios de empresas de ônibus Via Leste, MOB, Mais e Viva Sul como forma de amenizar os prejuízos causados pela pandemia de coronavírus.
A prefeitura chegou a cogitar adiar as definições sobre o reajuste em três meses. De acordo com o engenheiro de Transportes da ATP, Antônio Augusto Lovatto, toda vez que o aumento não ocorre nos primeiros dias de fevereiro, as empresas arcam com um prejuízo anual de R$ 6 milhões a R$ 7 milhões por ano.
- É impossível esperar mais 90 dias e ficar mais de dois anos sem revisão tarifária - destaca Lovatto.
O número de passageiros transportados por ônibus em Porto Alegre caiu 52% em 2020 se comparado ao ano anterior. Os dados são de um relatório da Associação de Transportadores de Passageiros (ATP). Este número serve de base para a composição da tarifa.
Outro componente da montagem do preço da passagem ainda está em aberto: o reajuste dos rodoviários. As negociações ocorrem desde novembro de 2020, segundo o sindicato dos trabalhadores.
Um novo encontro está agendado para esta terça-feira (19), às 19h30. Os rodoviários querem 5,45% de aumento referente ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de 2020 e mais um ganho real de 1%.
Somente o percentual referente ao dissídio dos rodoviários compõe quase que 50% do valor da passagem. Caso as negociações se arrastem, assim como ocorreu no ano passado, as empresas não deverão esperar e irão apresentar o seu percentual de reajuste mesmo assim.
Sem o reajustamento dos rodoviários, o cálculo da ATP projeta o aumento da passagem para pouco mais de R$ 6,00 - um reajuste de aproximadamente R$ 1,50. Com as possibilidade de aumento dos rodoviários, esse valor chegaria a quase R$ 7,00, de acordo com avaliação da ATP.
- O sistema está doente. E precisa de remédio. As empresas estão usando o dinheiro da depreciação para sobreviber.
Como a prefeitura tem demonstrado que não pretende injetar mais dinheiro nas empresas, a solução que se avizinha é a possibilidade de prever gatilhos de novos reajustes após alguns meses se, por exemplo, o número de passageiros não voltar a subir para algo próximo do que era transportado antes da pandemia. Outra possibilidade é a efetivação de uma diminuição na frota de ônibus circulante.
Ano passado, as empresas pediram R$ 5,20 e a EPTC encaminhou valor de R$ 5,05 ao Conselho Municipal de Transportes Urbanos (Comtu). Porém, os representantes do conselho não chegaram a bater o martelo por causa da pandemia. Dessa forma, o valor de R$ 4,70 foi mantido.
Algumas soluções estão sendo pensadas como forma de tentar baratear a passagem. Em novembro, a prefeitura sancionou projeto da Câmara de Vereadores e retirou da tarifa o valor que destinava 3% do montante arrecadado para a chamada Câmara de Compensação Tarifária da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), o que reduziu a passagem para R$ 4,55. A vida últi da frota de ônibus de Porto Alegre também aumentou e o número de viagens foi reduzido em 20% no geral e em 50% durante a pandemia.