O número de passageiros transportados por ônibus em Porto Alegre caiu 52% em 2020 se comparado ao ano anterior. Os dados são de um relatório da Associação de Transportadores de Passageiros (ATP). De acordo com a entidade, em 2020, ano em que começou a pandemia de coronavírus, foram transportados 112.736.258 passageiros nos coletivos. Em 2019, foram 233.645.234. O número de estudantes, como era esperado, foi o que teve a maior queda. De 20.358.610 transportados em 2019, caiu para 2.560.339. O número de isentos, que em 2019 foi de mais de 49 milhões, em 2020 caiu para menos da metade, alcançando cerca de 20 milhões.
De 2018 a 2019, os dados já apresentavam queda nos indicadores. Em 2018, o total de passageiros transportados foi de mais de 247 milhões. Para o engenheiro de transportes da ATP Antônio Augusto Lovatto, a volta ao normal da operação depende basicamente de três fatores: início da vacinação, volta às aulas presenciais e uma projeção de continuidade de um auxílio emergencial por parte do governo, para reequilibrar a economia. A Associação volta a defender também que, para ter números melhores, é preciso discutir as isenções e a presença de cobradores, para que seja possível reduzir o valor da tarifa e tornar o ônibus um meio de transporte competitivo.
– Porto Alegre, hoje, compõe o seu cálculo tarifário com uma média de 32% de isenções. Muito maior do que a média das demais capitais, que é de 20%. Alguma coisa tem que ser feita. Existe em torno de estudantes e de outras categorias uma discussão ampla, que esperamos que o novo governo coloque na mesa, sobre se todo o estudante tem o direito de ter isenção, se a categoria dos 65 anos também, acho que é uma discussão que o novo governo tem que tratar juntamente à Câmara de Vereadores – afirma Lovatto.
O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, já sinalizou anteriormente que pretende elaborar um projeto para retirar os cobradores de algumas linhas da capital, tornando os ônibus "100% digitalizados". O objetivo principal, indica Melo, é baratear o serviço sobretudo para vulneráveis e trabalhadores autônomos, além de recuperar o número de passageiros, em queda nos últimos anos. A medida foi tentada pelo ex-prefeito Nelson Marchezan, que acabou derrotado na Câmara Municipal. Melo prometeu negociar soluções com os rodoviários.
Trensurb também apresenta queda nos números
Na Trensurb, os números seguiram a tendência de um ano de pandemia. Sempre carregando nos vagões uma média de mais de 50 milhões de passageiros por ano, em 2020 o cenário mudou, chegando a pouco mais de 24 milhões. A queda é de 49,23%, de acordo com dados repassados pela empresa.
O mês de abril de 2020 foi o pior de toda a série histórica analisada, que começa em 2003. Em anos anteriores, a Trensurb tinha uma média de 4 milhões de passageiros transportados em abril. Em 2020, o número foi de 1 milhão. O valor cresceu nos meses posteriores, mas seguiu no patamar da casa de 1 milhão de passageiros até outubro, quando voltou a subir e passar da casa dos 2 milhões, apesar da pandemia.
De acordo com o diretor-presidente da Trensurb, Pedro Bisch Neto, a média dos últimos meses do ano passado vem se mantendo neste início de janeiro.
– A crise do coronavírus nos obrigou a uma adaptação rápida. Neste início de ano, constatamos que não houve redução nesta média. Ou seja, estamos recuperando o tempo perdido, as pessoas estão correndo atrás. Isso é o que o transporte identifica, a manutenção na média de 80 mil passageiros por dia transportados na Trensurb.