Futuro secretário de Mobilidade Urbana de Porto Alegre na gestão de Sebastião Melo, Luiz Fernando Záchia falou nesta terça-feira (29), em entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, sobre os principais desafios da pasta que assumirá em janeiro. Na lista de prioridades está o transporte público, que vem enfrentando dificuldades nos últimos anos na Capital.
Como exemplo, cita já para o início do mês de fevereiro a discussão sobre a tarifa dos ônibus. Záchia lembra que terá de ser levado em conta o cenário adverso de 2020, que, segundo ele, "fez com que a demanda caísse de maneira intensa".
— É um contexto de anormalidade. Isso vai ter que ser amplamente discutido entre as partes para que se possa encontrar solução e viabilizar um sistema que está com dificuldade há um bom tempo — afirmou.
Záchia comentou também sobre o que chamou de "excesso de gratuidades" do sistema da Capital. De acordo com o futuro secretário, "não existe possibilidade" de usar dinheiro público para subsidiar tarifas.
— Porto Alegre não tem essa condição (de subsidiar tarifa). Já faz aportes anuais à Carris e cada vez mais vai ter dificuldade de fazer isso. Tem que se trabalhar com outras alternativas criativas para que se possa chegar a uma tarifa ajustada — avaliou.
— Isso (gratuidade) é um grande problema. Porto Alegre tem 30% de isenção, maior percentual do Brasil. De cada três passageiros, um não paga. Quem paga essa isenção são os outros dois. Existem questões constitucionais que têm que ser estabelecidas, mas essa farra de isenções tem que acabar — completou.
Veja outros pontos da entrevista:
Faixas azuis
"Isso é importante pela velocidade que dá ao transporte público. Transporte coletivo é para aquele cidadão que não tem condições financeiras de ter outro transporte. Não é justo que fique um hora dentro do veículo, apertado, com dificuldade, por causa de congestionamento. Essa faixa azul que veio a dar velocidade ajuda a baratear a passagem, é menos tempo parado, mas também, até onde isso interfere na circulação de veículos? Acho que tem que ter a grande informação que são os aspectos e horários. Tem de haver placas informativas. Tem que ser mais intenso, com mais clareza."
Pardais
"Eu fui sempre um crítico à questão do pardal. Não à existência, mas quando eu era vereador, quando foram introduzidos os primeiro pardais, só queriam multar. Hoje tem outras funções extremamente importantes, irregularidades dos veículos, roubo, etc. (...) Hoje existe uma transparência que naquela época não tinha. Antes eram pardais faturadores, ficavam atrás de um poste, na descida da lomba. (...) É uma ferramenta extremamente importante para a segurança pública no quesito de roubo de carros. É uma ferramenta que certamente tem ajudado e muito estes números."
Nomes para Carris e EPTC
"Tenho muita simpatia por técnicos, principalmente na EPTC, que tem um quadro competente. É um trabalho que vem sendo realizado pelo presidente Fábio (Berwanger Juliano). Não é por causa da mudança do governo que deve fazer alteração. Não podemos prejudicar as empresas pela simples questão de alteração de governo. Vamos fazer isso no momento adequado, mas sempre olhando para o quadro técnico. Pessoas que conhecem o programa, as dificuldades e possam trabalhar com soluções para os problemas."