Enfim, uma demanda antiga dos praticantes do skate foi atendida no bairro Restinga. A comunidade da zona sul de Porto Alegre ganhou uma pista oficial para a prática da modalidade, com 674 metros quadrados. O projeto do espaço foi doado pela Federação Gaúcha de Skate ao município. A pista para a prática da modalidade street tem vários obstáculos para manobras e é bastante comum em parques ao ar livre. E foi numa área assim que a construção ergueu-se na Tinga.
A pista foi batizada com o nome do skatista paulista André Ribeiro, conhecido como Hiena. Ele faleceu em 2016, vítima de um acidente vascular cerebral (AVC) e era apoiador do esporte na Restinga. O local onde está a nova atração de um dos bairros mais tradicionais da Capital é a Avenida Macedônia. Agora, o espaço recém inaugurado fará companhia para o campo de futebol da comunidade e para o Centro de Comunidade Restinga (Cecores).
A obra levou cerca de seis meses para ficar pronta. Conforme a Secretaria Municipal de Esporte e Desenvolvimento Social (Smdse), a Caixa Econômica Federal, que financiou a implantação, realizará vistoria no local na próxima semana, liberando oficialmente o espaço. Entretanto, os skatistas da região já estão utilizando a estrutura desde a semana passada, quando a obra foi concluída.
Demanda
Para os praticantes da modalidade, a conclusão das obras foi a concretização de um sonho antigo. Conforme lideranças comunitárias e skatistas da região, a luta pela construção de uma pista nova e segura vinha de anos. Antes do novo espaço, os skatistas tinham de se deslocar até um ponto próximo, mas pouco seguro, além do aspecto de abandono.
Estudante de informática, Vinícius Vieira Prestes, 19 anos, recorda que o espaço antigo era complicado não só pelas condições, mas também pela localização. Ele conta que a união de lideranças comunitárias com quem costumava frequentar o antigo local culminou na procura por alguém que pudesse levar a demanda adiante, chegando na esfera política. Só assim, com alguma contrapartida do poder público, a obra poderia sair do papel.
— Pessoas que nem andavam de skate, mas que eram empenhadas em conquistar coisas para o bairro, iniciaram essa luta. A gente continuou ela. E esperamos muito por isso. Ver esse sonho sendo realizado agora é muito legal — comemora Vinicius.
O jovem cita que o desejo é que o espaço ganhe ainda mais recursos com o passar do tempo, sendo um local que a comunidade abrace e faça o devido uso.
— A construção de um banheiro público e a instalação de um bebedouro são demandas que a gente ainda quer conseguir resolver também — projeta ele.
Propício
A visão é a mesma do xará Vinicius Rodrigues da Silva, 19 anos. Estudante do Ensino Médio, ele mora na Restinga desde que nasceu. Há uma década, pratica o skate. Ela conta que os apreciadores tinham que se deslocar para pontos como a esplanada da Restinga ou até mesmo um dos terminais de ônibus do bairro para achar locais onde fazer manobras.
— A pista nova está linda, perfeita. Ainda faltam alguns detalhes, pontos mais receptivos para quem é iniciante no esporte. Mas mudou muito para nós, que tínhamos que achar lugares para andar de skate. Agora, temos um lugar propício para isso aqui na comunidade — conta ele, ressaltando que foi ao local todos os dias desde a conclusão da obra, na semana passada.
Verba foi de emenda parlamentar
A construção da pista André Ribeiro foi custeada por uma repasse da Caixa. O valor da verba vinda do banco foi de R$ 783.168,75. O município entrou com uma contrapartida de R$ 71.362,01 para a execução. A origem do recurso foi uma emenda parlamentar do período em que o ex-prefeito Nelson Marchezan Junior era deputado federal. Na semana passada, antes do fim do mandato como prefeito, Marchezan visitou o local com a construção finalizada.
— Quando incentivamos o esporte em estruturas públicas, oportunizamos que crianças e adolescentes sejam inseridos em atividades de forma segura e que tenham a possibilidade de crescer longe da violência — apontou Marchezan durante a passagem pelo local.