Ônibus não circulam pela cidade de Guaíba, na Região Metropolitana, na manhã desta quinta-feira (21). Pelo terceiro dia seguido, o município está sem esse tipo de transporte público.
Os rodoviários protestam contra o atraso no pagamento do salário, do 13º e de benefícios. Eles se concentraram em frente a garagem da empresa Expresso Assur, sentados em cadeiras e com cartazes. A empresa alega perda de receita devido à pandemia e aos transportes por aplicativo e clandestinos para os atrasos dos pagamentos.
Na quarta-feira (20), foi realizada a segunda audiência judicial da semana entre trabalhadores, a empresa e a prefeitura, que terminou sem acordo. O Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região prometeu aos rodoviários uma decisão por volta das 10h desta quinta.
GZH percorreu ruas e avenidas de Guaíba por volta das 7h e encontrou pouquíssimas pessoas aguardando pelo transporte nas paradas.
Uma delas foi a Carla Lemos, 50 anos, que estava na Avenida Comendador Ismael Chaves Barcelos esquina com a Rua da Antena. Ela trabalha em uma casa de família e costumava utilizar a linha Cohab, dentro da cidade. Com a greve, está utilizando a linha intermunicipal Porto Alegre-Guaíba.
— É a alternativa que eu encontrei nesses dias. Só que me custa quase cinco reais mais caro — disse.
Na saída do Catamarã, local em que as paradas geralmente estariam lotadas, não havia ninguém. A reportagem estava no local no momento em que uma embarcação chegou, e o ponto de ônibus seguiu vazio. Os passageiros embaraçaram em carros de aplicativo ou seguiram a pé.
Com o pagamento atrasado, alguns rodoviários estão vivendo de ajuda de amigos e familiares. O cobrador Ivan Azevedo Rodrigues, 32 anos, recebeu desde dezembro R$ 190. Ele vive de aluguel e tem dois filhos:
— Um colega aposentado pagou minha água e minha luz, outros ajudam com rancho, a gente faz vaquinha. Tem muitos colegas passando dificuldade.
O impasse no transporte público de Guaíba já dura 10 dias. Em 11 e 12 de janeiro, os rodoviários paralisaram totalmente as atividades. Do dia 13 ao 18, quando houve a primeira audiência desta semana, os ônibus rodaram com 40% da frota e desde o dia 19 não saíram mais da garagem.