Nem mesmo a máscara incomodou o preparo de um grupo de amigos que decidiu se aventurar nas águas do Guaíba, na manhã deste sábado (9). Animados, os cerca de 20 nadadores se reuniram na Praça José Comunal, no bairro Belém Novo, extremo-sul de Porto Alegre.
No local, um breve aquecimento antecipou o pulo no lago, onde a água estava clara e era possível ver as pedras submersas com o reflexo do sol. É para manter o cartão postal da Capital preservado que a ação foi realizada, segundo o engenheiro eletrônico Francismar Siviero, 65 anos, um dos organizadores do projeto Nadando Pelos Cartões Postais.
– Precisamos cuidar os locais belos do Guaíba, que muita gente nem sabe que existem. Olha isso aqui: sol, água e esporte. Faz bem pra saúde - afirma o nadador.
A saída foi próximo de uma das áreas em que a terra avança sobre as águas, às 9h. No trajeto, de 3,7 quilômetros, eles passaram pelo antigo restaurante Poleto, local que reúne visitantes para fotos nas ruínas da construção. O prédio histórico está cercado, para a construção de uma adutora de captação do sistema de abastecimento da prefeitura.
O percurso incluiu outro ponto de belezas naturais, a Ilha das Pedras, local que tem rochas visíveis à distância.
Os atletas amadores utilizaram boias, como forma de garantir a segurança. Nadar em água abertas, segundo explica o comerciante Márcio Weber, 50 anos, tem muita diferença de quem aprendeu o esporte em piscinas. Ele próprio já superou a marca de hoje, em um passeio anterior, da praia do Paquetá, em Canos, até a Usina do Gasômetro, na Orla Moacyr Scliar.
– A gente passa pela natureza, encontra lontra, cobra, tartaruga... observamos e não mexemos em nada no habitat dos animais - esclarece.
A enseada do Belém Novo é de correnteza tranquila e com um trecho de nível baixo. Algumas crianças tomavam banho com água abaixo da cintura.
O grupo que integra o projeto é heterogêneo, formado por nadadores de diferentes idades e nível de experiência. Um dos mais novos foi terceiro lugar no mundial master de águas abertas, disputado em Budapeste, na Hungria, em 2017. Kassius Vargas Prestes, 30 anos, reforça o potencial turístico das praias de água doce.
– Tem lugares bonitos que as pessoas não conhecem, como Belém Novo e Itapuã. O pessoal se manda pro Litoral e não sabe que pode vir aqui - reitera.
O passeio durou pouco menos de duas horas, entre ida e volta.
O grupo tem em torno de 90 nadadores, e os encontros são combinados a partir de um grupo de WhatsApp. Novos integrantes são aceitos, a partir do perfil Francisswim nas redes sociais e no site www.francisswim.com.br/fs/.
– As pessoas podem se integrar para desenvolvimento da natação e pela melhora da saúde, além de incentivar a preservação - afirma a professora Soraia Siviero, 60 anos, uma das organizadoras das ações.
Há três anos, os amigos se reúnem. Inicialmente, a ideia era se divertir e manter em dia a saúde física e mental, e os apelos para a preservação passaram a ser a bandeira do grupo nos últimos meses. Torres, Rio Grande, Itapuã e até travessias em Portugal e na Itália fazem parte do portfólio dos amantes por natação.
A próxima etapa será no dia 24 de janeiro, em Palmares do Sul, no Litoral Norte.