Desde que assumiu a manutenção dos serviços de iluminação de Porto Alegre, no final de outubro, a concessionária IP Sul contabiliza mais de 8,6 mil intervenções na cidade, que vão de lâmpadas queimadas a casos claros de vandalismo ou furto de equipamentos.
Entre luminárias e cabos furtados e danos nas redes áreas e subterrâneas, são 64 casos já consertados. Há outros casos, como o de lâmpadas quebradas (48), em que não é possível afirmar ou descartar vandalismo. Lâmpadas queimadas lideram o ranking: já foram trocadas 2.655: são em média três a cada duas horas.
Os números dão uma boa perspectiva do cenário que a concessionária passará de fato a administrar a partir de março, quando assume não apenas a manutenção, mas a modernização da iluminação da Capital pelos próximos 20 anos. O consórcio foi o vencedor do primeiro leilão de parcerias público-privadas (PPP) com a prefeitura de Porto Alegre, ocorrido em 2019.
Em um ano e meio (no máximo dois, conforme o contrato), todos os mais de 100 mil pontos de iluminação de Porto Alegre deverão estar equipados com lâmpadas de LED, cujo funcionamento é monitorado em tempo real. Enquanto o sistema não é todo trocado, a IP Sul fará também a manutenção das lâmpadas do modelo atual, de vapor de sódio.
A mudança deve auxiliar a concessionária a, a partir desse ponto, a ter mais eficiência no controle do vandalismo.
— Hoje, a única forma de identificar se um lugar está com algum problema de iluminação é se alguém fizer uma reclamação. A partir da mudança, se uma lâmpada falhar, já estaremos sabendo na hora por uma central de controle. Se ocorrer com três, uma ao lado da outra, é porque está ocorrendo um furto e as autoridades serão acionadas — exemplifica Guido Oliveira, diretor executivo da concessionária.
Além disso, o modelo de LED tem número de série e será de um modelo particular para a iluminação de Porto Alegre, o que torna as lâmpadas mais fáceis de serem identificadas caso sejam encontradas em posse de um criminoso ou à venda ilegalmente. Outra ferramenta que deve ajudar na fiscalização é o sistema de telegestão, o monitoramento por câmera que, conforme o contrato com a prefeitura, coletará imagens das chamadas vias arteriais: as 55 principais ruas e avenidas da cidade.
— Um ponto importante a ser observado é que todas as novas luminárias, mesmo as que não terão o sistema de câmeras, são de um modelo preparado para recebê-las. Então, ampliar esse sistema ou aplica-lo em um determinado ponto da cidade, como um parque, poderá ser negociado com a prefeitura a qualquer momento — explica Oliveira.
A IP Sul ressalta ainda que a resposta rápida em casos de furto ou vandalismo depende de ação integrada com outros órgãos, como EPTC, Guarda Municipal e polícias. Como exemplo positivo, cita o furto de 15 lâmpadas de LED da avenida Bento Gonçalves ainda em outubro, quando a IP Sul começou a operar. A partir das imagens de câmeras, um dos autores foi identificado pela Polícia Civil como um eletricista que prestava serviço para a empresa que anteriormente trabalhava para a prefeitura. Ele confessou ter vendido uma das lâmpadas pela internet.
Esforços no Marinha
Atualmente, a concessionária centraliza esforços no Parque Marinha do Brasil, que ao longo dos últimos anos foi completamente dilapidado por furtos e vandalismo. Além de luminárias e lâmpadas, o parque chegou a ter o chão escavada para o furto de cabos subterrâneos.
O parque, que conta com mais de 500 pontos de iluminação, passará pela manutenção de 116 pontos e pela reinstalação de outros 108. Após concluir os reparos em torno as quadras esportivas e da pista de skate, as equipes trabalham agora na reposição das luminárias dos postes mais altos, de frente para a avenida Edvaldo Pereira Paiva. A ideia é de que própria iluminação eficiente ajude a dar mais segurança e coibir vandalismo no local.
— Embora o parque seja amplo, se ele está iluminado e aparecer um sujeito em uma câmera saindo dali com duas luminárias debaixo do braço, isso vai chamar a atenção — aponta Oliveira.
Após o Marinha, a IP Sul planeja forças-tarefa semelhantes em outros pontos da Capital. Um dos próximos da fila é o Parque Moinhos de Vento, cuja má conservação foi tema de reportagem recente em GZH.