Uma das principais áreas verdes de Porto Alegre, o Parque Moinhos de Vento, o Parcão, vai encerrar 2020 com jeito de abandonado. Apesar de estar com os equipamentos em dia, o local tem trechos de grama alta, galhos secos e lixo em diversos pontos, bancos e banheiros pichados.
Na manhã desta terça-feira (29), meia dúzia de cachorros corriam sobre o gramado alto do cachorródromo, no lado menos cuidado do parque. Moradora da Rua Coronel Bordini, a engenheira Marindia Borba, que soltou o cachorro Djubi na área, lamentava o desleixo, que considera atípico.
— Desde o começo de dezembro, está largado. Tem pessoas morando, está sujo, não é comum. Antigamente, não se encontrava sujeira, e a grama estava sempre cortada — diz Marindia, que frequenta o local diariamente também para se exercitar.
Ao redor da quadra de futebol, onde o gramado também carecia de manutenção, há diversos pontos com lixo no chão, de embalagens de comida a preservativos. A quadra de bocha, que foi isolada com uma fita para evitar o uso coletivo, é usada como abrigo por pessoas em situação de rua — por volta das 10h, um homem dormia sobre um colchão colocado ali.
No mesmo trecho, destaca-se o que parece ser uma poça gigante junto à quadra de basquete. Grande a ponto de ocupar quase toda a passagem, ela surgiu ali há semanas, segundo o pintor Joni Viana:
— Queria saber o que é isso. Faz um tempão que está aí e não resolvem. Acho que não tem a ver com a chuva, porque mesmo quando o tempo está seco continua — observa o morador do Moinhos de Vento.
Do outro lado da passarela, as pichações e o vandalismo são a causa de parte dos problemas. Há diversos bancos pichados, assim como as paredes dos banheiros. A porta do sanitário feminino está com o batente quebrado — problema identificado há meses, segundo um funcionário.
Diferentemente do cachorródromo e do campo de futebol, a manutenção do gramado e dos jardins está em dia. Apesar disso, há diversos pontos com galhos amontoados. Segundo um funcionário que trabalha no corte de grama, o serviço segue normalmente, com dois poréns. O primeiro é o ritmo de crescimento da vegetação, que é mais rápido no verão e faz com que, quando o serviço é finalizado de um lado, o gramado já esteja crescido no outro. O segundo ponto, diz, é que o recolhimento dos galhos é feito pela prefeitura, o que não ocorreria há cerca de duas semanas.
Procurada por GZH, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Sustentabilidade (Smams) disse que o acúmulo de galhos deve-se ao fim do contrato mantido com a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), em que apenados realizavam o serviço de recolhimento. O órgão diz que "um novo convênio será oficializado nos próximos dias, normalizando a situação".
Em nota, a Smams informou, ainda, que já fez contato com as empresas adotantes para que seja providenciado o corte da grama e a execução de limpeza no local, e que uma vistoria foi agendada para identificar a origem da poça junto à quadra de basquete.
Sobre os sanitários, a Divisão de Apoio Operacional do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) informou que "realiza manutenções periódicas" e "faz a limpeza diária nos banheiros, com zeladores durante o horário de funcionamento". O órgão disse que irá vistoriar os sanitários do Parcão na quarta-feira.