Após a inauguração da nova Ponte do Guaíba há duas semanas, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) alerta para um comportamento de risco adotado por alguns motoristas: parar o veículo no acostamento e usar a ponte como mirante. O ato coloca em risco tanto a vida de quem se arrisca quanto de condutores que trafegam em alta velocidade.
— Considerando que é uma novidade e por também estar em um ponto característico da cidade de Porto Alegre, é normal que as pessoas tenham essa curiosidade e queiram registrar em fotografias. O mesmo ocorre ainda às margens da BR-290, perto da Arena do Grêmio. A questão é que isso afeta a segurança do trânsito. O acostamento é para uso apenas em casos de emergências, como mal súbito, pane mecânica ou alguma situação que impeça a condução do veículo — pontua o inspetor Cássio Garcez, da Comunicação Social da PRF.
Ele descreve que há pessoas que não só param o veículo no acostamento da nova Ponte do Guaíba para tirar fotografias como saem do carro e percorrem o espaço a pé. Para quem conduz um veículo em alta velocidade, explica o inspetor, o campo de visão fica visualmente menor para enxergar um indivíduo fora do automóvel. Com isso, o risco de ser atropelado aumenta.
De fato, por volta das 15h desta quinta-feira (24), a reportagem viu dezenas de carros pararem em ambos os lados da pista. Condutores e passageiros abriam as janelas e, em alguns casos, saíam para a via.
Em um caso específico, um jovem e um senhor passaram a circular a pé no acostamento. O rapaz ficou desatento e pisou em um buraco de escoamento de água da chuva. Reequilibrou-se e voltou ao passeio inseguro.
Além de impor um risco a si, condutor e passageiro que circulam no acostamento para tirar fotografias e admirar a vista arriscam a vida dos motoristas que passam pela via. Garcez destaca que, quando muitos carros param no acostamento, a curiosidade de quem dirige em alta velocidade é atiçada, o que pode promover desatenção e acidentes na ponte.
— Infelizmente, muita gente se distrai ao olhar para o lado e ver se ocorreu um acidente, aí esquece de olhar para frente. As pessoas podem ser atropeladas assim. Ao chamar a atenção da pessoa, ela pode reduzir a velocidade e isso causar uma colisão traseira, o que pode fazer um veículo desgovernado sair da pista e ir para o acostamento — diz o inspetor.
Parar no acostamento por um motivo que não seja uma emergência é uma infração leve que consta no artigo 181 do Código de Trânsito Brasileiro. A sanção são três pontos na carteira e multa de R$ 88,38 reais.
A Polícia Rodoviária Federal não começou a multar condutores porque ainda está instruindo a população a não fazê-lo, segundo Garcez. Mas as infrações começarão a ser aplicadas assim que a nova Ponte do Guaíba for incluída oficialmente no Sistema Nacional de Viação.
Contatado pela reportagem na manhã desta quinta-feira, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) não confirmou até o meio da tarde se a nova Ponte do Guaíba já consta no sistema.