O prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan, admitiu, em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, nesta terça-feira (16), a possibilidade de encaminhar projeto para rediscutir o IPTU na cidade, se esse for "o desejo dos candidatos que ganharam na urna". No domingo (15), Marchezan foi derrotado na tentativa de garantir a reeleição, ficando em terceiro lugar na disputa — atrás de Sebastião Melo (MDB) e Manuela D’Ávila (PCdoB), que disputarão o segundo turno.
— Vai ser uma injustiça, porque, agora, qualquer paralisação do que estava previsto vai beneficiar os bancos, os grandes supermercados, os grandes proprietários de grandes imóveis. Aquele pequeno comerciante ficou isento de IPTU, o comerciante médio teve um pouquinho de aumento e já aumentou o que tinha que aumentar. Qualquer benefício dado agora será para os grandes — afirmou.
— Mas, se esse é um desejo dos candidatos que ganharam na urna, eu não tenho outra alternativa, do ponto de vista de respeito à vontade do eleitor, do que fazer isso (propor a revisão) — disse, ressaltando que irá questionar Melo e Manuela sobre o tema nesta terça e, se for o caso, "já encaminhar" os projetos.
A lei que atualizou a planta de valores sobre a qual se calcula o IPTU na Capital foi aprovada pela Câmara e sancionada pelo prefeito no ano passado. O texto prevê um prazo de até seis anos para a atualização gradual de eventuais reajustes.
— Acredito que ninguém vai mexer no IPTU, seria injusto com quem está pagando o IPTU correto manter outros não pagando o valor adequado. Porque o que nós fizemos, essa prorrogação, não são aumentos. Essas pessoas que estão tendo aumento nos valores, elas pagam há 20 anos um valor menor. E vão continuar pagando pelos próximos quatro. Suspender essa graduação é suspender um pagamento justo para quem tem imóveis maiores — concluiu.
Na entrevista, Marchezan também se disse surpreso com o resultado do primeiro turno. Ele afirmou ainda estar "cuidando das feridas" após a derrota.
— Eu tinha convicção de que, por justiça, estaria no segundo turno. Já estava pensando no próximo mandato. Foi na segunda-feira (16) que comecei a reorganizar o governo para que não haja decepção total e frustração dos secretários — disse.
O prefeito não falou sobre os planos para o futuro após deixar o cargo, em 1º de janeiro de 2021. Sobre o segundo turno na Capital, ressaltou as "diferenças" dele em relação aos candidatos que disputam o Executivo.
— Hoje a gente vai reunir a direção do partido e os vereadores eleitos para conversar sobre esse cenário. Particularmente, eu tenho uma visão de política um pouco diferente dos dois, e acho que os dois acabam indo para uma área onde eu não me sinto confortável, uma área populista da política. Eu sou da área mais pragmática.
Pandemia na Capital
O prefeito também falou sobre a situação da pandemia em Porto Alegre e os próximos passos a serem tomados nos 45 dias finais do mandato. Marchezan afirmou que a maior circulação de pessoas disseminou "todos os vírus", mas que as testagens não atestam aumento no número de casos de covid-19.
— Estamos atentos, mas a gente não tem hoje nada que nos leve a fazer alguma restrição.
Respondendo às críticas dos adversários no primeiro turno, o chefe do Executivo negou que tenha havido "abre e fecha" na cidade.
— Justamente porque nós não fizemos o "abre e fecha" é que nós temos a expectativa de não ter uma grande segunda onda na cidade — falou.