Os 13 candidatos à prefeitura de Porto Alegre participaram, na manhã desta segunda-feira (28), do primeiro debate das eleições municipais de 2020. Em razão da pandemia de coronavírus, o encontro foi realizado em formato drive-in, com os participantes dentro de seus veículos, reunidos no estacionamento do Grupo RBS.
No terceiro e último bloco, os concorrentes fizeram suas considerações finais: cada candidato teve um minuto para sua fala, de acordo com ordem sorteada previamente. O tempo foi usado pelos aspirantes ao Paço Municipal para expor prioridades, falar sobre suas trajetórias políticas e fazer críticas ao governo atual. Ao final das exposições, o atual prefeito e candidato Nelson Marchezan (PSDB) obteve direito de resposta de um minuto para rebater uma declaração da candidata Fernanda Malchionna (Psol) sobre sua gestão.
Veja como foi o terceiro e último bloco do debate:
Sebastião Melo (MDB)
Ex-vice-prefeito de José Fortunati (PTB), o candidato reforçou sua posição sobre mais liberdade econômica na Capital, e propôs que sejam feitos debates para “tirar Porto Alegre da estagnação”. Ele defendeu a modernização da prefeitura e “serviços de qualidade”. Disse ainda que a cidade precisa de um candidato “com experiência, mas que apresente novas soluções”:
— Os porto-alegrenses, assim como os brasileiros, acordaram, não aceitam mais a corrupção, a demagogia, as falsas promessas, querem alguém que resolva os seus problemas. Porto Alegre tem muitos problemas, mas tem solução. Com verdade, com diálogo e novas ideias.
Manuela D’Ávila (PC do B)
A candidata destacou sua trajetória como vereadora mais jovem eleita em Porto Alegre, aos 22 anos, e como deputada estadual e federal, e defendeu um projeto político em que as pessoas estejam no centro”. Também propôs que, na nova administração, as mulheres sejam protagonistas “como são dos serviços públicos da cidade”, destacando a atuação de servidores que trabalham nas áreas de saúde e educação:
— Nós, do PC do B e do PT, acreditamos que é possível construir um outro caminho para a cidade, um caminho em que se governe quatro anos, e não apenas três meses. Em que a solidariedade, a participação a escuta estejam no centro do programa de governo.
Rodrigo Maroni (PROS)
Defensor dos direitos animais, Maroni criticou a falta de ação dos governos em relação a políticas voltadas para o assunto. Entre os pontos abordados, destacou a criação de uma “delegacia de animais” e de um centro público de atendimento. Finalizou pedindo que as pessoas adotem um animal:
— Aceitei esse desafio de vir aqui num ambiente inóspito, talvez insalubre, para fazer o debate da importância dos animais. Para os animais não tem lei, não se avançou nada.
José Fortunati (PTB)
Ex-prefeito de Porto Alegre, José Fortunati usou o tempo para rebater declarações de Nelson Marchezan sobre sua gestão. Ele acusou o atual prefeito de divulgar “fake news” ao dizer que suas contas foram reprovadas, e afirmou que o grupo de educação do Banco Mundial não tinha integrantes do PDT, seu partido à época em que governou a Capital. Ao final, disse que pretende governar com “transparência, diálogo e participação”, e tomar decisões de forma “plural e democrática”:
— É isto que a cidade precisa, em época de pandemia e crise econômica: ouvir a cidade. quem me conhece sabe que essa é minha marca.
Valter Nagelstein (PSD)
O candidato responsabilizou os governos do PT e de alguns dos candidatos pela situação da Capital, com “um monte de coisas sem conclusão”. Ele prometeu governar para uma cidade “diferente, segura e sem corrupção”:
— A gente pode até discordar em uma coisa ou outra, mas eu tenho certeza que em uma coisa a gente concorda: a cidade de hoje não é a cidade que a gente quer. Precisamos endireitar a cidade, e eu me preparei para isso.
Montserrat Martins (PV)
Montserrat Martins usou o tempo para defender uma Porto Alegre mais “sustentável”. Ele destacou a importância de atrair empresas com novas tecnologias, mais “limpas”, em setores como energia e mobilidade urbana, e propôs a “inclusão digital” para estudantes e trabalhadores:
— Temos que melhorar o nível da educação com a paz nas escolas e temos que gerar saúde a partir do ar, da água e da nossa alimentação sem agrotóxicos.
Julio Flores (PSTU)
O candidato propôs uma alternativa “socialista e revolucionária” ao atual modelo de governança. Ele defendeu a criação de conselhos populares formados em fábricas, escolas e quilombos, entre outros pontos da cidade, para comandar a gestão:
— Não vamos ouvir apenas, vamos construir um governo em que eles próprios, os trabalhadores com seus delegados, dirijam a cidade.
Gustavo Paim (PP)
Atual vice-prefeito, Paim reforçou sua intenção de tornar Porto Alegre “a capital da liberdade econômica” para gerar emprego e renda. Ele destacou, ainda, que pretende investir no diálogo como “ferramenta para construção de soluções”, e definiu seu projeto de governo como de centro-direita, “com lado e posicionamento, mas que respeita a todos”.
— Porto Alegre está cansada de tanta briga, tanta burocracia, tanta crise. Se o passado não nos anima e o presente nos decepciona, precisamos andar para frente sem deixar ninguém para trás.
Juliana Brizola (PDT)
A pedetista relembrou sua trajetória como vereadora, deputada, vereadora e mestre em ciências criminais, e disse que construir um “grande time” para transformar a capital, conectando as pessoas. Também prometeu trazer de volta o “orgulho de ser porto-alegrense”:
— Me preparei muito para dar esse passo. Vamos dar um grande passo para uma gestão inovadora, composta por duas mulheres. Nós queremos uma Porto alegre de novo.
João Derly (Republicanos)
O republicano destacou sua trajetória no esporte (foi bicampeão mundial de judô) como diferencial, e disse que pretende levar qualidades aprendidas nos tatames para governar. Ele também pediu aos eleitores que procurem por sua biografia, de seu vice, Delegado Fernando, e pela propostas da coligação nas redes sociais:
— Respeito todos os candidatos aqui, como ex-prefeito, prefeito, ex-vice-prefeito, e até aqueles que sonham voltar a Porto Alegre dos anos 80, mas esses ajudaram a chegar a situação que nós estamos hoje.
Nelson Marchezan (PSDB)
Atual prefeito e candidato à reeleição, Marchezan disse que foi alvo dos demais candidatos, que, segundo ele, "trocaram figurinhas” para atacá-lo. O tucano destacou feitos do seu governo na área da saúde, como a criação de dois novos hospitais e ampliação do horário de funcionamento de serviços de saúde. Também destacou a melhora da segurança proporcionada pela instalação de GPS nos ônibus e a “evolução gigantesca da orla do Guaíba”:
— Há quatro anos, a cidade escolheu a mudança. Para fazer, enfrentamos corporações, sindicatos e a corrupção. Todas as promessas de campanha nessas áreas foram absolutamente cumpridas — disse Marchezan, que recebeu o direito de responder às declarações da candidata Fernanda Melchionna sobre corrupção na sua gestão:
— Se a candidata conhecesse mais das últimas gestões teria feito suas denúncias enquanto era vereadora, denúncias que nós fizemos no Demhab que levou a polícia aos gabinetes parlamentares. Onde estava a vereadora Fernanda?
Luiz Delvair (PCO)
Representante do PCO, Luiz Delvair reforçou a bandeira de Fora Marchezan, Fora Bolsoleite e pela candidatura do ex-presidente Lula em 2022, como havia feito em outros momentos do debate. Ele também criticou o atual governo e o candidato Valter Nagelstein pela “dancinha da covid”, dizendo que ele “tripudiou” sobre a população de Porto Alegre:
— Acreditamos que o governo Marchezan vem destruindo a educação e a saúde. Mães e pais, não deixem os filhos retornarem às aulas, pelo simples fato de as crianças serem contaminadas.
Fernanda Melchionna (PSOL)
A candidata destacou dois desafios a serem enfrentados durante a eleição: derrotar o projeto “autoritário, liberal e corrupto” do atual governo e enxergar Porto Alegre como “parte de um movimento nacional que precisa enfrentar a extrema-direita”. A candidata colocou-se como um “novo caminho” diante dos demais, vários ex-gestores da Capital, e pediu aos eleitores que não votem “em pesquisa”.
— É preciso votar no melhor candidato. Nós queremos levar a coragem do povo para o Paço Municipal. Eu o Márcio (Chagas) nos apresentamos para esse combate, para fazer uma nova Porto Alegre, livre do fascismo.
O prefeito Nelson Marchezan recebeu um minuto de direito de resposta para comentar as acusações de corrupção.