Os 13 candidatos à prefeitura de Porto Alegre participaram, na manhã desta segunda-feira (28), do primeiro debate das eleições municipais de 2020. Em razão da pandemia de coronavírus, o encontro foi realizado em formato drive-in, com os participantes dentro de seus veículos, reunidos no estacionamento do Grupo RBS.
No primeiro bloco, os concorrentes responderam a perguntas de ouvintes: cada candidato teve um minuto e 30 segundos para sua fala, de acordo com ordem sorteada previamente. As perguntas foram gravadas em diferentes regiões da cidade a abordaram temas de interesses dos porto-alegrenses.
Veja abaixo o que eles disseram:
Fernanda Melchionna (PSOL)
O que vai ser feito no bairro Lomba do Pinheiro, especialmente em relação ao abastecimento de água?
Esse problema é recorrente. Infelizmente, o prefeito Nelson Marchezan desmontou o Dmae (Departamento Municipal de Água e Esgotos), que vem denunciando, junto a seus servidores, há muito tempo, que precisa de investimento nesse órgão público para garantir o abastecimento.
Mas eu quero alertar que nós temos a compreensão que esse é o momento mais grave da nossa história. 998 óbitos por covid-19 (na Capital). Governo Bolsonaro e Marchezan, ninguém merece! Enquanto eu estava em Brasília lutando pelo duplo auxílio emergencial para as mulheres e pelo auxílio emergencial de R$ 600, derrotando a política do Bolsonaro e do Guedes de apenas R$ 200, o prefeito estava preocupado em desmontar o Dmae e tentando demitir 1,2 mil trabalhadores do Imesf (Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família), profissionais da saúde que estão salvando vidas. Enquanto eu estava em Brasília, coletando um milhão de assinaturas para tirar esse criminoso, bandido, presidente da República, chamado Jair Bolsonaro, ele estava aqui, usando R$ 3 milhões do Fundo Municipal de Saúde para fazer propaganda de si mesmo. Isso é inaceitável, nós queremos valorizar o serviço público.
Não se combate protofascismo e autoritarismo com sorrisos e conciliação. Queremos, com coragem e determinação, apresentar um projeto alternativo para Porto Alegre. Por isso nos apresentamos ao combate.
Luiz Delvair (PCO)
Quais são os projetos na área da saúde?
O Partido da Causa Operária não tem um projeto para o município e o Estado, mas para o país e o mundo: a revolução socialista pelo comunismo. Entendemos que, em Porto Alegre, a saúde vem sendo agredida pelo governo Marchezan, um governo de colaboração de classes, não só a nível municipal, como estadual e federal também. O governo de Jair Bolsonaro, um governo de corruptos e ladrões, que vem atacando os trabalhadores da saúde.
Recentemente, (em Porto Alegre) foram demitidos mais de 1,2 mil trabalhadores da saúde pelo governo Marchezan, um governo que ataca os trabalhadores e não vem corroborando para a saúde da população. A gente pensa que só um governo dos trabalhadores pelo socialismo pode resolver os problemas que a população vem sofrendo. O que a gente vem pedindo é Fora Marchezan, por um governo socialista, um governo dos trabalhadores.
Nelson Marchezan (PSDB)
O que vai fazer pra resolver problema da segurança na Rua Voluntários da Pátria, a tranqueira, os espaços vazios e a questão de moradia na via?
A gente tem trabalhado numa PPP da iluminação pública. Se passares pela Assis Brasil, pela Bento Gonçalves, Ipiranga, vai ver que está sendo instalado. Isso vai ser instalado em cada poste da cidade, vai melhorar muito a segurança em toda a cidade. A gente implantou o que muitos diziam que era impossível: em todos os pardais e lombadas ter videomonitoramento de todas as saídas e entradas de Porto Alegre. A gente reduziu em 60% o roubo e furto de veículos, em 85% os furtos dentro de ônibus, e ainda queremos avançar ainda na questão da segurança.
No 4º Distrito, a gente vai analisar o Plano Diretor. É o maior investimento na história do planejamento urbano da cidade, são R$ 13 milhões e, sem dúvida, o 4º Distrito é prioridade. Respondendo sobre a Lomba do Pinheiro, que quem respondeu a pergunta não sabia, é importante dizer que em torno de 12 anos que falta água e a gente encaminhou, neste governo, o projeto da Ponta do Arado, que vai ajudar o abastecimento na Lomba do Pinheiro. E enquanto não se resolve, tem estação temporária em contêineres para avançar. E a gente não tirou mais dinheiro do Dmae, como foram tirados R$ 240 milhões do Dmae, que era para fazer isso da Lomba do Pinheiro e não foi resolvido.
João Derly (Republicanos)
Quando vai ser feita uma reforma em volta do Mercado Público e na Praça XV de Novembro?
Tratar sobre o Centro é importante, hoje a cidade de Porto Alegre está extremamente fria. Nosso Centro não é acolhedor a todas as pessoas. Por exemplo, no Mercado Público, não temos banheiros acessíveis para cadeirante e pessoas com deficiência, isso é uma reclamação recorrente.
Não percebemos um cuidado de zeladoria da cidade para com as pessoas. O cartão de visitas é sempre o centro da cidade. Nós vamos apostar em desenvolver o empreendedorismo, para que as pessoas possam investir no Centro e ele volte a ter sua pujança. A escola de empreendedorismo vai ajudar muito para as pessoas aprenderem a empreender, e ao mesmo tempo conseguir gerar sua renda e levar a um futuro melhor.
Juliana Brizola (PDT)
Quais são os projetos para acabar com os alagamentos na Zona Norte e, em especial, no bairro Sarandi?
Essa questão prejudica a cidade há bastante tempo. Assim como a falta de água na Lomba do Pinheiro, infelizmente, no Sarandi, entra governo, sai governo, e o problema das bombas lá não é resolvido.
Nós entendemos que tudo o que envolve o saneamento e a água deve ser de forma preventiva. Não é mais possível que a população daquele bairro conviva todos os anos com aquele tipo de alagamento. O alagamento também prejudica a saúde, também é uma questão de saúde pública. Na verdade tudo está ligado, e a nossa proposta é conectar as pessoas, conectar as pessoas com a cidade. Assim a gente pode fazer, por exemplo, que a bomba do Sarandi venha a funcionar e que a gente não tenha mais alagamentos.
Gustavo Paim (PP)
O que é previsto para a Vila Jardim Renascença e áreas mais próximas à área rural, em questão de ônibus, pavimentação e energia elétrica?
Porto Alegre é uma cidade muito grande em extensão de área, temos 1,5 milhão de habitantes e muitas realidades distintas. Quando vai para o extremo-sul de Porto Alegre, temos a segunda capital em extensão de área rural no Brasil. Frequentemente estive em assembleia do Orçamento Participativo lá, o que tu ouve dos moradores é que "quando vamos a Porto Alegre, levamos duas, três horas de ônibus". Isso chama atenção porque não se sentiam de Porto Alegre. Lá eu disse: "todos aqui somos de Porto Alegre". E mobilidade é realmente um grande problema quando nós vamos em deslocamento do Centro a regiões mais longínquas da cidade.
Precisamos trabalhar outros modais, como transporte hidroviário, e precisamos rever toda a questão da concessão do transporte coletivo. Há, hoje, uma dificuldade muito grande: os empresários dizem que não é suficiente, os usuários dizem que não há qualidade, o Poder Público entende que a mobilidade não está boa. Precisamos avançar em termos de mobilidade.
Julio Flores (PSTU)
Quais serão as políticas públicas em relação ao meio ambiente no Arroio Dilúvio, focando no lixo e poluição?
Acho fundamental essa pergunta. Nós temos uma proposta de construir um plano de obras públicas em toda a Capital, que garanta moradia, infraestrutura de saneamento e, portanto, proteção ao meio ambiente.
No Dilúvio, queremos fazer um plano que garanta o saneamento e a retirada de lixo. Em todo o Guaíba, há um problema de décadas que precisamos atacar. Então queremos construir, com os trabalhadores, o povo das regiões e de toda a cidade, um plano para recuperar o nosso Guaíba, recuperar o Dilúvio e ter uma vida saudável em Porto Alegre, a partir de conselhos populares que governem a cidade, com trabalhadores definindo tudo.
Montserrat Martins (PV)
Tem ideia para diferenciar espaço entre ciclistas e pedestres e plano de aumentar número de vias para bicicletas?
As ciclovias e ciclofaixas são para os ciclistas, não para pedestres, que tem a calçada, e realmente requer ampliação dessa malha. Em países mais desenvolvidos, isso é um hábito — inclusive as nossas não tem sido tão utilizadas quanto as dos países mais desenvolvidos, onde isso existe há mais tempo. Mas além das ciclovias e ciclofaixas, é necessário também estacionamentos, até para que as modalidades sejam usadas conjuntamente. Por exemplo, a pessoa vai de bicicleta até determinado local, se for uma distância muito grande, ela não vai poder ir de bicicleta todo o trajeto.
Nos países desenvolvidos, têm, por exemplo, estacionamento para bicicleta: a pessoa deixa no local onde vai pegar ônibus, metrô, VLT (veículo leve sobre trilhos), que, inclusive, a gente não tem aqui. Precisamos ter novas modalidades de transportes, com VLT, ônibus elétrico, aeromóvel. Precisamos ter um transporte multimodal. Tem o caso do catamarã, que também é muito importante, o transporte hidroviário.
O ciclismo é muito importante como uma das modalidades não poluentes, além de fazer bem para a saúde. Nós precisamos de uma nova matriz de transportes, na qual o ciclismo faz parte, além de todas essas que falamos.
Valter Nagelstein (PSD)
O que pensa para promover o 4º Distrito, especialmente, como local de entretenimento?
Eu tenho uma história nesta área do empreendedorismo, fui secretário de Indústria e Comércio. Porto Alegre é a capital do país que tem mais microcervejarias. E o 4º Distrito é um projeto que a gente deixou pronto e o atual governo municipal sentou em cima. É a revitalização do 4º Distrito, que era o antigo bairro industrial da cidade, que pode se desenvolver muito, entre outras características econômicas, como microcervejarias. Então a gente vai fazer isso, com microcrédito, com apoio, destravamento, com desburocratização. Porto Alegre se caracterizou como uma cidade muito burocrática.
Sobre a água na Lomba do Pinheiro, faz oito anos e os governos estão devendo ainda a água. São dois governos que não conseguiram fazer. O centro de Porto Alegre está degradado, tem alagamentos no Sarandi, Vila Leão, e todos entornos. Na questão do lixo, queremos fazer uma usina de reciclagem de lixo. Porto Alegre precisa de uma experiência diferente desses 30 anos, e é isso o que a gente traz. É fazer esses enfrentamentos, é desburocratizar, é diminuir imposto, olhar pro empreendedor, para quem precisa de emprego, é fazer uma cidade diferente.
José Fortunati (PTB)
O que pode fazer pela acessibilidade aos cadeirantes?
É uma questão fundamental. Durante nosso governo, conseguimos implementar o Plano de Acessibilidade da cidade. É um problema muito grave, porque a cidade não foi pensada para pessoas com deficiência. E é necessário ir ajustando, rapidamente, a cidade, para que as pessoas possam ter acesso, não somente a calçadas, mas a prédios, a bens públicos, a praças, dando condições para que os diferentes possam ser tratados com o mesmo respeito. São pessoas apenas diferentes, que merecem todo o nosso respeito.
Continuaremos fazendo isso, se formos eleitos, sempre com diálogo com a comunidade, que foi uma grande marca que deixamos na cidade. Nós procuramos reforçar o Orçamento Participativo, os conselhos municipais das políticas públicas, entre eles o Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência, as entidades empresariais, os trabalhadores e assim por diante. Tenho convicção que esse momento complexo, na pandemia, na crise econômica, só com amplo diálogo poderemos avançar. E é a isso que estou me propondo.
Rodrigo Maroni (PROS)
Quais as propostas para a mobilidade urbana e o que decidirá com relação a táxis e aplicativos?
Essa eleição, como todas, é um zoológico, é uma conversa fiada atrás do outra. Estou ouvindo aqui desde candidata que dizia que o Lula tinha que ser preso e hoje tem o apoio do PT até ex-prefeito que é mandado pela mulher e quer se reeleger, de repente para botar as secretarias para trabalhar para a reeleição dela. Lamentável a gente ter que acompanhar um processo assim. Temos aí gente que capotou carro, prefeito de seis meses de obra, partido político que se diz socialista mas atua como capela ortodoxa evangélica.
O que tenho a dizer ao cidadão porto-alegrense é que tudo é conversa fiada. A vontade política começa quando tu é eleito. Agora é só promessa e vocês vão ver as coisas mais bonitas. Na prática, tem que sentar ano que vem e ver a situação. Sentar com taxista e com Uber e realizar. Prometer agora, dizer que tem solução para tudo, todos vão dizer. Vão ter um discurso formulado por um publicitário. Estou vendo aqui meus colegas Fortunati, a Manuela cheia de folhas do meu lado, seguramente não foram eles que elaboraram o plano do que estão falando. Essa é a realidade que a gente lamentavelmente acompanha nesse processo eleitoral.
Manuela D'Ávila (PCdoB)
Quais as propostas para a Orla do Guaíba, especialmente, em termos de expansão para a Zona Sul?
Nós vimos, nos últimos anos, as obras da Orla avançarem. Entretanto, elas não chegam ao extremo-sul da cidade e demais regiões. Eu vou trabalhar para que nosso povo possa conviver com o rio, nas diversas regiões da cidade.
Mas nós precisamos falar que o próximo governo enfrentará dificuldades profundas, e eu tenho algumas prioridades. A primeira delas, é que, a partir de 30 de novembro, passarei a negociar para que Porto Alegre possa ter a vacina. A segunda é a construção da relação com a rede municipal para que nós recuperemos o ano letivo, dialogando com professoras, trabalhadores e trabalhadoras da educação, mães e pais.
A terceira delas é a elaboração de um grande plano de assistência para que Porto Alegre seja uma capital sem fome, o Fome Zero municipal. E a quarta é um amplo programa de geração de trabalho e renda. Essas são nossas prioridades.
Sebastião Melo (MDB)
Quais os projetos para o transporte público?
Essa pergunta é muito oportuna. Se eu tivesse que elencar três desafios da próxima gestão, eu boto a mobilidade urbana. Esse é um sistema complexo que precisa ser revisto. Hoje nós temos altas isenções, os passageiros vem diminuindo, e após a pandemia, teremos menos passageiros, mais gente trabalhando e tendo aula em casa. Portanto o sistema tem que ser rearranjado. O atual prefeito, agora, fez um acordo com os permissionários, e temos que analisá-lo, no ponto de vista de aportar R$ 36 milhões. Mas a atual licitação precisa que uma grande mesa de negociações seja reaberta. Tem lugares, por exemplo, que não precisa ter carros com 50 lugares.
A integração do transporte é fundamental, tem que ter um cartão único, não se pode a cada modal que se entra não ter integração. Os horários estão difíceis para as pessoas, e nós vamos restabelecer as linhas, fazer os horários serem cumpridos e vamos melhorar o sistema de transporte em Porto Alegre. Porque o trabalhador precisa do transporte, não há solução para quem mora na longa distância outro transporte que não seja o urbano. Porto Alegre tem problemas, tem soluções e vamos enfrentá-los.