Após um primeiro bloco respondendo perguntas do público, no segundo bloco do debate promovido pela Rádio Gaúcha entre os candidatos à prefeitura de Porto Alegre, no inédito formato drive-in, cada postulante ao cargo pode fazer perguntas a um adversário político.
A ordem de quem pergunta foi definida por sorteio prévio. O postulante teve 30 segundos para fazer o questionamento. O candidato escolhido para responder teve 1min30s para a resposta.
Na sequência, aquele que perguntou teve 30 segundos para réplica, e o que respondeu, outros 30 segundos para tréplica.
Confira como foi, exatamente na ordem em que ocorreu:
Valter Nagelstein (PSD) pergunta a Manuela D’Ávila (PCdoB)
Na primeira pergunta entre candidatos no segundo bloco, Valter Nagelstein questionou Manuela d'Ávila sobre como seria o governo dela, destacando a questão do empreendedorismo e afirmando que a candidata está alinhada com o PT, que governou a cidade por 16 anos.
A candidata disse que vai governar ouvindo as pessoas, com participação popular e com olhar para as pessoas que empreendem na cidade.
Nagelstein disse que Porto Alegre não pode cair na mão de quem não administrou nada, disse que foi secretário em duas oportunidades que e conhece os problemas da cidade.
— O que está provado é que Porto Alegre precisa de outro caminho, um caminho que olhe para as pessoa e coloque as pessoas no centro da política — disse Manuela na tréplica.
José Fortunati (PTB) pergunta a Fernanda Melchionna (PSOL)
Na sequência, foi a vez de José Fortunati (PTB) perguntar a Fernanda Melchionna (PSOL) sobre a perda de US$ 80 milhões (em torno de R$ 400 milhões) de um empréstimo junto ao Banco Mundial voltado à melhorias na área da educação. Os recursos haviam sido garantidos na administração de Fortunati, dentro de um projeto chamado Melhoria da Qualidade da Educação, e acabaram sendo perdidos posteriormente no governo Marchezan.
– Qual prefeito que perde R$ 400 milhões para a educação pública, sem contrapartida? Ainda mais neste momento em que precisamos de recursos para garantir qualidade nas escolas e a volta às aulas com segurança, não goela abaixo como o prefeito quer agora. Eu acho que ele e o secretário biônico de Educação dele estavam mais preocupados em atacar a gestão democrática, desrespeitar a rotina escolar, tirar carne das crianças nas escolas do que garantir R$ 400 milhões sem contrapartida para ampliar educação integral, para ampliar contraturno e criar escolas de educação infantil que tanto faltam para nossas mães - disse Melchionna, que quando vereadora havia votado a favor do projeto.
João Derly (Republicanos) pergunta a Sebastião Melo (MDB)
Em pergunta a Sebastião Melo, o candidato João Derly levantou o tema do empreendedorismo, questionando o adversário sobre medidas para impulsionar o município nesse sentido. Melo afirmou que é preciso regulamentar a lei de liberdade econômica, facilitar licenças para médios e pequenos empresários, trabalhar na qualificação profissional e no parcelamento de tributos no pós-pandemia, que seriam compromissos de sua gestão.
Derly disse que a secretaria de Indústria e Comércio em sua eventual gestão "será diferente de tudo que já existiu". O candidato disse que, atualmente, a pasta é punitiva e faz caça às bruxas. Ele pregou o diálogo e parceria com os empreendedores.
— Vamos ter uma fiscalização pedagógica. Ninguém vai sair por aí multando, como faz o atual o governo, que só na EPTC arrecadou mais de R$ 80 milhões, no ano passado, e, neste ano, mais de R$ 65 milhões. Também vamos apostar muito na economia criativa — fechou Melo.
Luiz Delvair (PCO) pergunta a Nelson Marchezan (PSDB)
O candidato Luiz Delvair (PCO) questionou o candidato à reeleição Nelson Marchezan (PSDB) por que foram destinados mais de R$ 3 milhões em publicidade na área da saúde. O atual prefeito mencionou que tem "orgulho do trabalho que a gente fez na saúde" e destacou que os recursos utilizados em publicidade tinham como objetivo deixar a população informada das ações.
– Aumentamos leitos, construímos hospitais, diminuímos 85% das filas em especialidades e durante a pandemia não deixamos ninguém sem atendimento. Nem por coronavírus nem por outras demandas. (...) Quem entende de saúde pública sabe que a regra número um é informar. (...) Mesmo a Câmara tendo aprovado R$ 6 milhões de publicidade para a saúde, a gente aplicou R$ 3 milhões. Dos últimos governos fomos o que menos usou publicidade do fundo municipal.
Na réplica, Delvair afirmou que o "o governo do PSDB vem massacrando a população". Enquanto isso, na tréplica, Marchezan respondeu a Fortunati, dizendo que os recursos para a educação haviam sido perdidos após as contas da prefeitura serem reprovadas em 2016.
Fernanda Melchionna (PSOL) pergunta a José Fortunati (PTB)
Em questionamento direcionado a Fortunati, Fernanda Melchionna perguntou se o ex-prefeito entregou a prefeitura quebrada para Nelson Marchezan, como o atual prefeito, segundo ela, diz ao justificar problemas em órgãos, como o Dmae. Fortunati disse que a atual gestão trabalha com fake news a todo momento, atacando os gastos da prefeitura, e que sua administração deixou contrato de projeto importante para a educação, que não foi aproveitado por Marchezan.
Melchionna disse que, como prefeito, Marchezan é um excelente roteirista de peça de ficção. Segundo ela, prefeito criou orçamento fictício por justificar política contra o povo e os municipários. A candidata prometeu revogar o "pacote de maldades contra o servidores públicos".
— O que ficou claro durante o último governo é que ele tentou durante o tempo todo culpar a gestão anterior pela falta de gestão na administração atual — disse Fortunati na tréplica.
Juliana Brizola (PDT) pergunta a João Derly (Republicanos)
Juliana Brizola (PDT) questionou João Derly (Republicanos) sobre como ele pretende solucionar o problema de falta de vagas em creches na Capital, situação que atinge diversas mães de famílias porto-alegrenses. Derly apontou a educação como sua prioridade e disse que pretende trabalhar em três pilares na área.
– Um plano municipal, e essa discussão é fundamental para que possamos achar alternativas junto a pessoas que constroem a educação. Outro pilar é a segurança das crianças e dos professores, para estimular a educação e alcançarmos maior nota no Ideb. E (o terceiro) o contraturno – disse.
Juliana, na réplica, disse que pretende criar um programa para garantir acesso de todas as crianças a creches. Já Derly, na tréplica, enfatizou que é importante resolver o problema de disponibilidade principalmente no turno da noite, para que mães consigam trabalhar tranquilamente.
Manuela D’Ávila (PCdoB) pergunta a Juliana Brizola (PDT)
Manuela D'Ávila questionou Juliana Brizola sobre como recuperar o ano letivo, valorizando o serviço público e garantindo nenhuma criança fora da escola. Antes de fazer a pergunta, Manuela disse que as duas têm trajetória de luta em defesa da escola pública, inspirada pelo avô de Juliana, o ex-governador Leonel Brizola.
Juliana disse que a educação será prioridade em seu governo e que está montando o time que está planejando a educação pública na cidade de Porto Alegre, destacando que o secretário de Educação de Sobral, município líder no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica no Brasil, faz parte de sua equipe. A candidata do PDT destacou a escola de tempo integral como ferramenta importante e reforçou a necessidade de muito diálogo sobre a volta às aulas.
Manuela disse que o foco tem de ser no turno e no contraturno escolar na recuperação do ano letivo e depois, com recursos do Fundeb, transformar isso que será provisório em permanente. A candidata disse que é preciso ter a renda básica infantil para combater a evasão escolar no retorno.
— Por isso achamos tão importante a criação das creches noturnas. A pandemia nos mostrou que 70% de quem está na linha de frente no combate à covid-19 é mulher. Nossas enfermeiras, por exemplo, precisam de uma creche segura para deixar o filho e poder ter um trabalho formal, com carteira assinada — finalizou Juliana.
Nelson Marchezan (PSDB) pergunta a Montserrat Martins (PV)
Educação e corrupção foram os temas da pergunta de Nelson Marchezan (PSDB) para Montserrat Martins (PV). Marchezan alfinetou seu antecessor na prefeitura, José Fortunati, e questionou como Martins enfrentaria esses dois temas. O candidato do Partido Verde destacou sua preocupação em como os recursos na área da saúde estão sendo utilizados, na resposta.
– Sobre matéria de corrupção, temos seríssimas dúvidas sobre a forma como são usados os recursos na saúde, que ocupam cerca de R$ 2 bilhões dos R$ 7 bilhões do orçamento da cidade. É um orçamento grande que, se fosse bem usado, seria difícil alguém morrer de doença em Porto Alegre. No entanto, vemos vários problemas na gestão da saúde – respondeu, criticando as terceirizações na área.
Martins ainda destacou a necessidade de se realizar ações para inclusão digital e a criação de uma estratégia de cultura da paz nas escolas. Posteriormente, Marchezan disse que seu governo "limpou a corrupção" e foram abertos diversos inquéritos para averiguar problemas em empresas públicas.
Montserrat Martins (PV) pergunta a Gustavo Paim (PP)
Em pergunta direcionada ao candidato Gustavo Paim, Montserrat Martins citou o risco da instalação de uma mina de carvão em Porto Alegre. Paim disse que é necessário se preocupar com a Capital e com tudo que tem em seu entorno, e que é importante a discussão, o debate e ouvir os dois lados antes de chegar em qualquer decisão final. Paim destacou a importância de valorizar a orla do Guaíba, citando sua participação nos trabalhos de revitalização do espaço, e o potencial do Guaíba e dos arroios de Porto Alegre em prol da cidade.
Montserrat Martins disse que a prefeitura não alertou a população sobre os perigos e riscos da Mina Guaíba, como a poeira causada por explosões diárias e contaminação do lençol freático e da água do Jacuí.
— Sempre é importante o diálogo, orientar a população, sempre é importante ouvir as opiniões em relação a tudo que diz respeito a Porto Alegre, mas também temos de tomar muito cuidado, porque Porto Alegre é uma cidade que ao longo do tempo, pela sua burocracia, seus entraves, pelas suas discussões intermináveis, acaba não avançando e sendo um terreno hostil por quem quer empreender, gera emprego e gerar renda — pontuou Paim.
Rodrigo Maroni (PROS) pergunta a Valter Nagelstein (PSD)
Rodrigo Maroni (PROS) mencionou as relações de outros candidatos, como José Fortunati, Manuela D’ávila, Nelson Marchezan e Gustavo Paim, com aliados atuais ou do passado, questionando Valter Nagelstein se ele achava que haveria confiança entre essas pessoas para dirigir a cidade em meio a "relações promiscuas na política".
Na resposta, Nagelstein disse que a cidade necessitava uma política para os animais, uma das causas de Maroni, e apontou também que irá olhar com atenção para a educação.
– Com R$ 30 milhões que foram gastos ano passado em publicidade, nós poderíamos dar um tablet para cada criança de Porto Alegre. E eu vou fazer isso. Quero dar uniforme para todas as crianças da rede pública, quero preparar a cidade para enfrentar a questão do covid para o retorno às aulas. (...) É inaceitável que Porto Alegre esteja no 25º lugar no Ideb do Brasil entre 27 capitais brasileiras – afirmou.
Sebastião Melo (MDB) pergunta a Júlio Flores (PSTU)
Sebastião Melo questionou Júlio Flores sobre as propostas do adversário para combater os alagamentos na cidade, citando os problemas históricos de drenagem enfrentados pelo município em bairros como Ponta Grossa, Humaitá e Sarandi. Flores afirmou que esse é um dos grandes problemas da Capital e que é necessária uma obra pública, um plano que contemple essa questão. Segundo o candidato, essas ações, além de resolver problemas como os ligados ao saneamento básico, também vão gerar empregos.
Melo prometeu criar um banco de projetos de macrodrenagem e buscar recursos nacionais e internacionais por combater os alagamentos. O candidato destacou que não vai perder recursos, como ocorreu na gestão atual, segundo ele.
— Esse plano de obras públicas, do nosso ponto de vista, será coordenado pela própria população através de centros populares que queremos construir em toda a cidade, nos bairros, nas escolas, enfim, nos quilombos, nas aldeias indígenas, nos bairros populares, elegendo seus delegados para governar a cidade.
Júlio Flores (PSTU) pergunta a Rodrigo Maroni (PROS)
Na continuação, Júlio Flores (PSTU) questionou Rodrigo Maroni (PROS) se ele é favorável à volta às aulas na Capital. Maroni se posicionou contra a retomada, dizendo que as decisões dos governantes são "chute e opinião" e não estariam embasadas na ciência.
– As escolas não têm que voltar. (...) Quando tu vais para a guerra e não tem certeza de nada, tu tens que proteger as pessoas. (...) Largar (as crianças) no coronavírus agora, com certeza é garantia de morte. É irresponsável – apontou.
Flores foi na mesma linha e afirmou que é um "absurdo" abrir agora para a retomada das aulas. Na tréplica, Maroni criticou políticos e candidatos que utilizam o discurso da volta como estratégia para captar votos.
Gustavo Paim (PP) pergunta a Luiz Delvair (PCO)
Na última pergunta, Gustavo Paim perguntou como Luiz Delvair pretende destravar a economia da Capital, gerando emprego e renda. Segundo Paim, Porto Alegre vive uma grave crise econômica e social e que não dá para colocar isso apenas na conta da pandemia, citando a burocracia que cria dificuldades aos empreendedores.
Delvair disse que não tem projeto mirabolante para desenvolver a Capital, destacando que não quer governar o sistema falido do PSDB, "dos burgueses, dos patrões", que está, segundo ele, ceifando os trabalhadores, acabando com o emprego. Ainda segundo Delvair, os trabalhadores unidos é que poderão realmente trazer alento para suas famílias, destacando a necessidade de um partido operário no poder nesse sentido. O candidato também pregou o "Fora, Bolsonaro".
Paim destacou a importância da democracia e da diferença de opiniões, elogiou iniciativas do governo federal, como o auxílio emergencial, e voltou a criticar as burocracias que existem em Porto Alegre, defendendo medidas como o fim de alvará para negócios de baixo risco.
— Nós entendemos que somente um governo dos trabalhadores da cidade e do campo poderá trazer um alento para a população. Também defendemos a volta do companheiro Lula ser candidato em 2022. Este governo do Bolsonaro é um governo fascista, de corruptos que não faz outra coisa a não ser massacrar a população brasileira, inclusive aqui na Capital, no Estado e em todo o país – finalizou Delvair.