O prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan, afirmou, nesta quinta-feira (6), que este não é um momento adequado para passar por um processo de impeachment, referindo-se à pandemia do coronavírus. Em entrevista ao repórter Eduardo Pinzon, da Rádio Gaúcha, durante solenidade de entrega dos 98 ônibus para a empresa Carris, o gestor municipal disse que tudo aquilo que tire a união dos porto-alegrenses "sempre atrapalha".
— Acho que esse não é um momento de raiva. A gente pode ter muitas convergências em relação ao coronavírus — avaliou. — (Ao) Tentar politizar, partidarizar e tentar tirar o foco do debate do que interessa, a gente acaba quase que ficando patético que nem o prefeito que sugeriu a alternativa do ozônio — acrescentou, fazendo referência ao gestor municipal de Itajaí, o qual sugeriu a aplicação de ozônio via retal para tratar do coronavírus.
A Câmara dos Vereadores abriu, na tarde de quarta-feira (6), o processo de impeachment contra Marchezan, com 31 votos a favor e quatro contrários. A justificativa central é a utilização de R$ 2,4 milhões do Fundo Municipal de Saúde para pagamento de gastos com publicidade, embora também tenham pesado as decisões do Executivo no enfrentamento à covid-19 e as relações do prefeito com a Câmara Municipal antes e depois da pandemia.
Questionado sobre a possibilidade de recorrer da decisão na Justiça, o prefeito afirmou que ainda não conseguiu fazer uma análise aprofundada do caso.
— A causa de pedidos parece simplória, quase que inexistente na verdade. Gastar recursos do fundo de saúde em saúde e publicidade, que é o que a Constituição determina (...) com um valor de origem que foi aprovado. Os vereadores aprovaram R$6 milhões de publicidade em saúde oriundos do fundo municipal de saúde. Nós gastamos R$ 3 milhões, gastamos metade. Então, os 36 vereadores que por unanimidade aprovaram essa autorização estariam nesse impeachment em conjunto comigo, se isso fosse algo ilegal — disse.
Além disso, ressaltou que as campanhas publicitárias eram sobre vacinação, que pode proteger de doenças respiratórias, sobre gripes e sobre o coronavírus.
— Nos parece que são campanhas ligadas à saúde — apontou.
Liberação do comércio
O prefeito também falou sobre a liberação do comércio de sexta-feira (7) a domingo (9). Ele afirmou que a motivação é a ocasião do Dia dos Pais e a proximidade do final do inverno. De acordo com ele, nesta quinta-feira será construída uma alternativa para a próxima sexta-feira (7), sábado (8) e domingo (9). Entre esta quinta e sexta-feira, será debatida uma outra alternativa, para vigorar a partir de segunda-feira (10).
— A gente já anunciou hoje de manhã e vamos regrar hoje à tarde para que o comércio possa, de alguma forma, colocar seu estoque para ser comercializado no Dia dos Pais, o estoque de inverno. E entre hoje e amanhã vamos construir alternativas para a retomada, que é uma necessidade, das atividades empresariais, mas com segurança também à vida e à saúde dos porto-alegrenses — disse.