As calorias adquiridas durante o isolamento social levarão ao menos mais um dia para serem queimadas pelos alunos de boa parte das academias de Porto Alegre. Mesmo liberadas pelo decreto publicado na noite passada, a maioria dos espaços ainda está sendo adaptado para obedecer às restrições impostas, como ter somente uma pessoa a cada 16 metros quadrados da área de treinos. O número de frequentadores também não pode ultrapassar 50% do previsto no Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI).
Uma das maiores do município, a Rede Moinhos não abrirá nenhuma de suas nove unidades. A quarta-feira será de avaliação dos espaços, que devem ter aparelhos interditados para manter o distanciamento de dois metros entre os frequentadores.
– Hoje vamos treinar a equipe e até ir além do decreto, para os alunos se sentirem seguros. Esse é nosso principal objetivo agora, para o aluno poder treinar tranquilo, trabalhando o físico e relaxando a mente - detalha o proprietário da Rede Moinhos, Henrique Petersen, 44 anos.
O isolamento de parte dos equipamentos foi a saída utilizada nas duas sedes do grupo localizadas na Região Metropolitana que já foram reabertas, em Guaíba e Canoas.
– Lá a regra é uma esteira sim, uma não. Os aparelhos de musculação repetidos foram interditados e manejados para termos o distanciamento - complementa Petersen.
A reportagem encontrou correntes nas portas de academias nas avenidas Getúlio Vargas e José de Alencar, no Menino Deus, na Cristóvão Colombo, no Higienópolis, e na Rua Silva Só, no Santa Cecília.
Na recepção da Fitness Hall, bairro Auxiliadora, o telefone tocou de forma constante, em ligações que buscavam de informações sobre a retomada das atividades. Três funcionários cuidavam da limpeza do balcão de atendimento e dos equipamentos de ginástica. O empresário Niuton Zinn, 53 anos, entrou na academia para cumprimentar os amigos que faziam as adaptações necessárias.
– Tenho treinado no meu prédio, onde cada apartamento tem um horário disponível. Mas não é a mesma coisa, aqui tem o contato com todos - pondera.
No bairro São João, a Activus Academia passa por reforma. Ventiladores foram retirados do teto e estão sobre as esteiras, desligadas. O espaço não deve retomar o atendimento com as restrições exigidas, modelo considerado inviável pelo proprietário, Thomas Kunzler.
– A maioria dos clientes usa ao meio-dia, no horário de almoço, como vou limitar o acesso? Seguimos aguardando um novo decreto, que libere mais pessoas ao mesmo tempo - reitera o empresário.
Há duas semanas atendendo de forma individual - modalidade liberada em decreto anterior ao último -, a Fun Academia espera triplicar o número de alunos nos próximos dias.
– Pelo que eu ouvi, os donos de academias de grande porte vão abrir só semana que vem - disse, reforçando a percepção da reportagem, o instrutor Andre Belizario, 44 anos.