A segunda noite de desfile de Carnaval no Complexo Cultural do Porto Seco, em Porto Alegre, começou pouco antes das 19h com a escola convidada Império dos Herdeiros, seguida pelas apresentações do grupo bronze e do grupo prata.
A primeira agremiação do grupo ouro pisou na avenida em torno de 4h30min da madrugada de domingo (8) - mais de duas horas depois do previsto. Houve pequenos atrasos nos desfiles anteriores que resultaram na demora.
No Dia da Mulher, o destaque foi das diversas auxiliares de bateria que se mostraram essenciais na cadência de cada escola.
Imperatriz Dona Leopoldina
A Imperatriz Dona Leopoldina homenageou a cantora Leci Brandão, que, segundo o enredo, "construiu sua trajetória musical cantando as coisas mais puras e simples que estampam a brasilidade, sem esquecer nunca a sua raiz sambista."
A escola da zona leste tem boas experiências com esse tipo de tema. Em 2010, foi campeã homenageando Beth Carvalho. Em 2016, falou sobre Diogo Nogueira.
A comissão de frente e o carro abre-alas representaram a fé na religião africana na vida da cantora. O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira vieram logo atrás da comissão de frente usando uma roupa que chamou a atenção pelo luxo e pelas pedrarias.
Uma sósia de Leci Brandão desfilou como destaque de chão e levantou aplausos da torcida. Émerson Dias, intérprete do Salgueiro, no Rio de Janeiro, e Carlinhos de Jesus também participaram do desfile. O dançarino é um antigo simpatizante da laranja e preto.
No carro de som, a voz de Vini Machado - que também canta no Salgueiro - empolgou junto com a bateria Laranja Mecânica, que fez uma paradinha cheia de swing.
A roupa do segundo casal também não deixou a desejar. Assim como todas as fantasias de alas e carros. A escola teve um problema no último carro, o que pode ocasionar prejuízo no quesito evolução. A alegoria emperrou e diversas pessoas foram ajudar a empurrar. A última ala, que estava atrás dele, teve que passar para frente da alegoria. A expectativa durou quase cinco minutos, até que o carro andou e seguiu o desfile.
Imperadores do Samba
O dia estava amanhecendo quando a Imperadores do Samba, atual campeã do Carnaval de Porto Alegre, usou seus carros alegóricos, adereços e fantasias para contar a história de Iberê Camargo.
A comissão de frente utilizou um carro com um barco dentro e tinha metade dos componentes com roupa indígena. A outra metade usou roupa branca e prata. O grupo fazia reverência à obra do artista, simbolizando as águas de Iberê.
O casal de mestre-sala e porta-bandeira estava muito bem vestido, e a composição do abre-alas com a ala de baianas formou um colorido com belo efeito.
O destaque que levou o público à loucura foi a coreografia da bateria, que se abriu para dar lugar à bailarinos. Cada um representava uma cor na paleta de uma tela que era pintada. À frente da Sinfônica, mestre e auxiliares montaram uma mesa e simularam um bar.
A escola ocupou toda a pista, quando os primeiros componentes estavam na dispersão, os últimos ainda não tinham cruzado a linha de entrada. Passaram pela avenida cheios de cor, tal qual obras de Iberê.
Estado Maior da Restinga
A terceira escola a desfilar foi a Estado Maior da Restinga. Com o tema "Não basta sonhar, tem que ter fé", a tricolor da Zona Sul traduziu em folia as variadas formas de acreditar que tudo pode acontecer.
O sol da liberdade citado no samba acompanhou todo o desfile. Em sua composição, a escola abordou, entre outras coisas, a fé em diversas religiões, no esporte, na bruxaria, na astrologia e nas conquistas.
Na comissão de frente, o diabo vinha massacrando Jesus Cristo, até que o poder da fé o ergueu e fez o diabo se ajoelhar aos seus pés.
O casal de mestre-sala e porta-bandeira veio à frente do abre-alas. Na fantasia, o coração de Jesus vinha no peito deles em neon. A bateria, tradicionalmente marcante, não deixou a desejar, fez a famosa paradinha e empolgou. Os carros vieram coloridos, a maioria fazendo referência à religiosidade.
Bambas da Orgia
"Enquanto houver uma criança meu Bambas será imortal. Eu sou passado, eu sou presente, eu sou futuro". Essas foram as frases que uma voz infantil cantou ao microfone antes de Bambas da Orgia encerrar a segunda noite do Carnaval de Porto Alegre. Logo em seguida, o intérprete Sandro Ferraz assumiu o comando e, mesmo com o sol alto, levantou o público.
Reverenciando seus 80 anos de existência, a escola mais antiga da Capital recordou alguns de seus temas-enredo e de sua história, contados por um preto velho.
Componentes e ex-dirigentes de diversas épocas participaram do desfile. Entre eles, um dos intérpretes da década de 1990 de maior identificação com a escola, Jajá, que, aos 80 anos, veio de Cachoeira do Sul só para desfilar.
A comissão de frente veio representando os antigos carnavais, e o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Pierrot e Colombina, surpreendeu usando uma fantasia de cor rosa, ao invés do azul. O abre-alas trazia o símbolo da escola, a águia, em dourado e, em cima dela, a única ex-presidente mulher da escola, Rosalina Conceição.
Usando tons de prata e dourado - além do azul predominante e do colorido - a escola pareceu ser pensada para desfilar de dia.
O coração da escola, a bateria deu um show a parte, e, cavalheiros das grandes sociedades, conduziram bem a escola. À frente, além das integrantes convencionais, vinha a rainha plus size, Dóris.
Encerrando o desfile, a última ala representava o preto velho, anfitrião do enredo. À sua frente, depois de apresentar o pavilhão da escola, o presidente, Nilton Pereira vinha dançando e fazendo a coreografia com o grupo.