Em uma noite que parecia de inverno devido a temperatura de 19°C acompanhada do vento, 11 escolas desfilaram entre a noite de sexta (6) e a madrugada deste sábado (7) na primeira noite de desfiles do Carnaval no Complexo Cultural do Porto Seco, em Porto Alegre.
Depois dos desfiles do grupo bronze e do grupo prata, a primeira escola do grupo ouro entrou na avenida contando a história dos quilombos no Brasil. A Acadêmicos de Gravataí levou para o público fantasias que remetiam à cultura africana, à luta pela liberdade e pelo fim da escravidão, a resistência negra e a cultura contemporânea ligada à história dos negros.
A comissão de frente trazia um componente vestido de onça e rodeada por griôs (indivíduos vindos da África que, na sua comunidade, têm a missão de transmitir conhecimento).
O casal de mestre-sala e porta-bandeira vestia uma fantasia luxuosa – preta com detalhes coloridos – com muitos rabos de galo sintético e pedrarias. O abre-alas, um navio negreiro, vinha junto à onça, símbolo da escola. Outra fantasia que se destacou pelo brilho e pelo luxo foi a do primeiro casal de passistas.
A segunda escola do grupo ouro a desfilar, Império da Zona Norte, homenageou Olívio Dutra. Chamado carinhosamente pelo enredo de Galo Missioneiro, o político participou do desfile no último carro, que apresentou um galo gigante entre os leões alados, símbolo da escola.
Chamou a atenção a coreografia da comissão de frente, composta por indígenas e por personagens que mostravam vários momentos da vida do homenageado, e acompanhada por um carro do qual os bailarinos entravam e saíam, revezando os componentes.
O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira usou uma bela roupa amarela com dourado. Eles vieram logo à frente do abre-alas, que representava a vida na região das missões.
A escola se destacou pela famosa paradinha. A bateria parou de tocar e apenas a voz no microfone principal seguiu chamando os componentes da escola, que corresponderam. Para quem assistia, o efeito foi interessante. Resta saber como os jurados vão avaliar, já que essa manobra é sempre considerada arriscada.
A aniversariante do mês, União da Vila do IAPI, cantou seus 40 anos de existência fazendo reverência à própria história ao homenagear os baluartes da escola, lembrar antigos temas-enredo e exaltar o símbolo da agremiação, o "trem da alegria".
O desfile começou 25 minutos depois do que deveria – além das duas horas decorrentes de pequenos atrasos acumulados desde o início do evento na noite de sexta. O motivo foi um problema na hora de colocar os destaques no alto dos carros alegóricos. Com esse tempo de atraso, pelo regulamento, a escola deverá ser penalizada e descerá para o grupo prata.
Mas essa definição depende de a culpa do atraso ter sido da escola ou do equipamento usado para colocar os componentes nos carros, já que ele é disponibilizado pela organização do evento.
Encerrando a primeira noite de desfiles, a Império do Sol iniciou sua apresentação quando já passava das 7h30min. O abre-alas era uma grande roleta de cassino com dados e cartas. E a bateria era a bola que se coloca na roleta para lançar a sorte.
Apesar de passar com grande atraso e com o sol alto, os componentes da escola desfilaram animados. Destaque para a bateria que segurou o ritmo e colocou para sambar quem ainda estava no Porto Seco.
O casal de mestre-sala e porta-bandeira passou vestido com uma fantasia muito original e encantadora pelos detalhes que remetiam às características do povo cigano, pelas plumas e pelo brilho.