Sancionada em 15 de janeiro pela prefeitura, a lei que proíbe a atuação de flanelinhas em Porto Alegre não intimidou a atuação da categoria durante a partida entre Inter e Universidad de Chile, na noite desta terça-feira (11), no Estádio Beira-Rio, na Capital.
Conforme a Secretaria de Segurança da Capital, entre as 17h e 19h, sete flanelinhas foram abordados nas imediações do estádio nesta terça. Desses, cinco foram autuados e um foi preso por outros delitos.
A partida pela Libertadores, que começou às 19h15min, foi o primeiro grande evento na cidade depois da aprovação da medida. Nesta terça, a reportagem de GaúchaZH circulou pelo entorno do estádio para verificar a atuação dos guardadores de carros.
Em cerca de uma hora, após às 18h, pelo menos 10 flanelinhas foram vistos em vias da região, como Edvaldo Pereira Paiva, Padre Cacique, Fernando Lúcio da Costa e Borges de Medeiros. O torcedor Cláudio de Oliveira, 58 anos, disse ter sido abordado por mais de três flanelinhas. Ele notou diferença na atuação da categoria nesta terça:
— Parece que estão mais concentrados em alguns pontos. Acabei deixando em um estacionamento, acho mais seguro — contou.
Mesmo sabendo que a atividade está vetada, motoristas relataram preferir não contrariar os flanelinhas e pagar pelo serviço. O torcedor Eduardo Jaeger, 51 anos, afirmou ter desembolsado R$ 30 por uma vaga na rua.
— Comparando com outros jogos, acho que tem menos (guardadores). Mas, mesmo assim, fica difícil escapar. Até vagas em estacionamentos se esgotam, e a gente fica sem opção.
— Para não se incomodar, para não ver nenhum ato de vandalismo, a gente paga — reforçou outro condutor antes de entrar no Beira-Rio para acompanhar o jogo.
Sobre a atuação da categoria nesta terça, a prefeitura afirmou que a lei precisa de tempo para atingir "êxito total". A Guarda Municipal, responsável pelas abordagens aos trabalhadores, atuou no entorno do estádio. Uma das dificuldades das equipes é que, ao perceberem a fiscalização dos agentes, os trabalhadores se misturam aos torcedores, segundo a prefeitura.
A Secretaria de Segurança orienta os condutores a não utilizarem o serviço oferecido por guardadores e a denunciarem a atuação pelos telefones 156 e 153.
Em 16 de janeiro, um dia depois da sanção da lei, o presidente do Sindicato dos Guardadores de Veículos de Porto Alegre, Julio Moura, expressou a GaúchaZH ter dúvidas sobre como se dará a transição dos guardadores para outras atividades:
— Aquele guardador que era cadastrado, regularizado, vai viver agora do quê? Como esse pessoal vai ficar? Essa é a pergunta. Onde fica a questão social?
O que diz a lei
Conforme a prefeitura da Capital, quem for flagrado cobrando pelo serviço de cuidar veículos estacionados em ruas pode ser multado em R$ 300, ou R$ 600 em caso de reincidência. Os valores arrecadados com as multas aplicadas serão destinados ao Fundo Municipal de Segurança Pública (Fumseg).
De acordo com o Executivo, os flanelinhas que forem flagrados serão identificados e autuados. Quem não arcar com a multa, terá o nome inscrito na divida ativa do município. Em contrapartida, cursos de qualificação deverão ser oferecidos por entidades parceiras da prefeitura.