A recente alta nos preços da carne já está influenciando nos preços dos restaurantes. Ontem, A reportagem circulou por estabelecimentos do Centro Histórico de Porto Alegre. Dos seis visitados, quatro já atualizaram os preços e dois os mantiveram.
Flávio Silveira Leal, 42 anos, por exemplo, aumentou ontem em R$ 1 o bufê livre que mantém na Rua dos Andradas. Além disso, para incentivar nos clientes o consumo de outras proteínas afora a bovina, fixou na porta do estabelecimento o seguinte recado: “Hoje temos filé de peixe”.
– Eu sou do Litoral e noto que o pessoal daqui consome pouco peixe. É uma forma de chamar atenção, de mostrar que oferecemos essa opção, e uma alternativa para a carne mais cara.
Com ou sem
No restaurante de Adriane Rodrigues Piccoli, 54 anos, o jeito foi oferecer uma nova opção ao cliente. Na entrada do comércio, um banner expõe os preços dos pratos com carne e sem a proteína. A ideia foi implantada há três meses:
– A carne já vem subindo há algum tempo, mas agora foi muito, só na semana passada subiu duas vezes. Resolvemos criar esta opção sem carne e está saindo muito bem. E não só para pessoas que não consomem carne (por serem vegetarianas), são pessoas que optam pelo prato para economizar. Nunca tivemos um reajuste tão grande entre os itens que mais compramos. Por isso, todos os pratos subiram R$ 1, mas, na verdade, deveriam ter subido R$ 3, R$ 3,50. É um jogo de matemática para conseguir sobreviver – detalha.
“No peito”
A gerente de uma lanchonete nas proximidades do Mercado Público, Joice Oliveira, 31 anos, disse que a a la minuta, carro-chefe da casa, segue com o mesmo preço: R$ 12. Mas, se o quilo da carne permanecer no patamar em que está, será alterado.
– Ainda não aumentamos, mas já estamos planejando para o fim do mês – destaca.
No restaurante da gerente Sônia Pedrotti, 61 anos, que fica na Travessa Engenheiro Acilino Carvalho, uma placa em frente ao estabelecimento destaca o valor do bufê e a opção de escolha de até duas carnes.
– A gente está matando no peito. Estamos tentando manter, mas está difícil. Vamos tentar levar assim até o fim do mês – explica.
O mês passa, a carne some
Consenso entre donos de bares e restaurantes é que qualquer aumento, por menor que seja, reflete no comportamento do consumidor. Alguns reclamam, outros compreendem ou mudam de hábitos. O auxiliar administrativo e financeiro Lucas Daniel Barbosa, 19 anos, procura consumir carne ao longo das semanas, mas, ao final do mês, se o dinheiro encurta, escolhe pratos mais baratos.
– Aqui sempre foi barato, então a gente nota a diferença quando sobe R$ 1. Quando chega no fim do mês é que a gente vê essa diferença – justifica.
No restaurante em que Lucas frequenta, um prato com carne custa R$ 12,50. Já sem carne, sai por R$ 10.