O vereador de Porto Alegre André Carús (MDB) foi preso pela Polícia Civil na manhã desta terça-feira (1º). O parlamentar é suspeito de obrigar assessores a tirarem empréstimos consignados e entregar o dinheiro a ele. O político nega as acusações.
Nesta manhã, a Polícia Civil cumpriu outras duas ordens de prisão temporária e 10 de busca e apreensão, inclusive na casa e no gabinete de Carús na Câmara Municipal. As buscas também atingiram a MunicredPOA — cooperativa de crédito que liberava os empréstimos que estão sob investigação — e os departamentos de Água e Esgoto (Dmae) e de Habitação (Demhab) da prefeitura, onde trabalham cargos comissionados indicados pelo vereador.
Segundo a polícia, a investigação teve início após denúncias de que servidores lotados no gabinete de Carús estariam sendo obrigados a contrair empréstimos com o intuito de saldar "dívidas pessoais alegadamente contraídas pelo agente político". Há casos em que os valores tomados por servidores superaram os R$ 300 mil.
Por volta das 7h, duas viaturas chegaram ao apartamento do parlamentar, no bairro Santo Antônio. O vereador deixou o local pouco antes das 8h30min.
As outras duas pessoas presas — que ainda não tiveram nomes divulgados — são dois servidores municipais que não trabalham no gabinete do parlamentar, mas que, segundo a polícia, têm "relação estreita". Uma pessoa também foi detida, durante cumprimento de mandado, por porte ilegal de arma.
Em nota, a presidência da Câmara Municipal afirma que "se prontificou a colaborar com a Polícia Civil para a ampla investigação dos fatos". O texto, assinado pela presidente da Casa, Mônica Leal (PP), cita ainda que o Legislativo "aguarda as investigações para adotar as medidas cabíveis no âmbito interno".
Já o MDB de Porto Alegre, também em nota, disse que recebeu "com surpresa" o episódio envolvendo Carús e que "espera que a verdade apareça". O partido também informou que o parlamentar pediu afastamento do cargo de presidente do MDB da Capital — função que ficará com o primeiro vice-presidente, deputado estadual Tiago Simon.
Carús, de 37 anos, é vereador da Capital em primeiro mandato — foi eleito no pleito de 2016, com cerca de 6,8 mil votos. Antes, foi diretor-geral do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) por três anos, na gestão de José Fortunati.
Ele deixou o comando da pasta após o departamento e a sua residência serem alvo de mandados de busca e apreensão por parte do Ministério Público, em 2016. O MP investigava denúncias de irregularidades em contratos firmados entre o órgão e empresas terceirizadas.
ÁUDIO | Delegado Max Ritter fala sobre operação que prendeu Carús: