O Ministério Público Estadual realiza na manhã desta quinta-feira (24) operação para combater suspeitas de irregularidades na coleta de lixo em Porto Alegre. Mandados são cumpridos na sede do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) e em outros quatro pontos da Capital.
Série de reportagens da Rádio Gaúcha revelou documentos internos da prefeitura que apontam descontrole na execução de contratos por empresas terceirizadas do DMLU. Num dos casos, ficou comprovado em relatórios de fiscalização do próprio departamento que a empresa terceirizada Belém Ambiental misturava restos de obra ao lixo domiciliar coletado para faturar mais, já que o pagamento é feito por peso de carga. A empresa inclusive admitiu a fraude e terá de devolver aos cofres públicos R$ 164 mil.
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Em outra situação, a Cootravipa, cooperativa que executa capina e limpeza da cidade, foi flagrada com menos trabalhadores do que o previsto em contratos. A mesma cooperativa teve um pagamento suspenso pelo DMLU por suspeita de superfaturamento. Cobrou R$ 240 mil para fazer a limpeza das vias após o temporal que provocou destruição em Porto Alegre, em 29 de janeiro deste ano.
A operação conduzida pelo promotor Nilson Rodrigues Filho foi batizada de "Fosso de Tártaro", que vem da mitologia grega e significa local para onde os "lixos" devem ir, o lugar mais profundo dos mundos inferiores, onde ficam cavernas, grutas e os cantos mais terríveis.
O diretor-geral do DMLU, André Carús, disse nas reportagens que partiu do próprio órgão a decisão de apurar as irregularidades e evitar eventuais prejuízos aos cofres públicos. Já o presidente da Cootravipa, Jorge Luis Bitencourt, sustentou que não houve qualquer fraude na prestação de serviços. A Belém Ambiental admitiu misturar concreto ao lixo, mas atribuiu o problema a funcionários, e não a uma iniciativa da empresa.