A prisão do vereador André Carús, consumada na manhã desta terça-feira (1º), provoca um forte abalo no MDB de Porto Alegre. Aos 37 anos, Carús foi eleito presidente do diretório municipal do partido em 24 de agosto, por consenso.
Luiz Fernando Záchia, que disputaria com ele a presidência, acabou se retirando da disputa para não ferir a Lei das Estatais, já que é diretor-administrativo da Ceitec. Caberia a Carús comandar as negociações do partido para a formação de alianças na eleição de 2020 e a definição do candidato a prefeito da Capital.
Ao assumir a presidência do MDB, Carús defendeu a candidatura própria à prefeitura. Sua ascensão ao comando era interpretada como o fortalecimento da candidatura do deputado Sebastião Melo a prefeito.
Porto-alegrense, formado em Direito e pós-graduado em Direito Ambiental, Carús construiu toda a sua vida política no MDB. Filiado desde os 16 anos, iniciou a militância na Juventude do PMDB (JPMDB), da qual fez parte até 2016.
Militou no movimento estudantil, ocupou cargos em diversas entidades e comandou diferentes setores do MDB. Foi assessor do senador Pedro Simon, que virou seu padrinho político na eleição para vereador, em 2008 e 2012, e trabalhou com os então deputados estaduais José Ivo Sartori e Maria Helena Sartori.
Na primeira eleição, em 2008, fez 2.148 votos e ficou na primeira suplência. Virou secretário municipal adjunto do Meio Ambiente de Porto Alegre (SMAM) e chefe de gabinete do secretário, entre 2011 e 2012.
Na eleição de 2012, concorreu novamente a vereador e fez 3.592 votos. De 2013 a 2016, na gestão de José Fortunati, foi diretor-geral do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU). Em 2016, elegeu-se vereador com 6.882 votos, a segunda maior votação do MDB.
Em sua biografia oficial consta uma informação que contrasta com a investigação que o levou à prisão pela acusação de extorquir assessores, obrigando-os a tomarem empréstimos e repassar o dinheiro para a sua conta: " Prezando pela transparência dos atos públicos, Carús presta contas de seu mandato a cada seis meses", diz o texto que pode ser conferido no site da Câmara de Vereadores.
O que diz o MDB de Porto Alegre:
O MDB de Porto Alegre lamenta e recebe com surpresa o episódio envolvendo o vereador André Carús. O partido entende que os fatos devem ser apurados pelas instituições competentes e espera que a verdade apareça. Carús pediu afastamento do cargo de presidente do MDB da capital. O comando partidário ficará com o 1º vice-presidente, deputado estadual Tiago Simon.