No Brasil desde novembro do ano passado — atualmente já são mais de 20 cidades —, o app de transporte inDriver começou a funcionar em Porto Alegre meses atrás. A chegada foi discreta: segundo representantes do aplicativo criado na Sibéria, em 2012, a estratégia de divulgação baseia-se em posts em redes sociais como Instagram e Facebook.
A diferença mais significativa entre os serviços oferecidos pela inDriver e as principais concorrentes, Uber e 99, é que o app funciona como uma espécie de leilão de corridas: o usuário é quem sugere o valor que quer pagar — que pode ou não ser aceito por algum motorista.
— Nós oferecemos liberdade, transparência e justiça para os usuários e motoristas. Mas tem de ser bom para ambas as partes — diz a gerente de marketing da inDriver, Anastasia Vilas Boas.
Não há valor mínimo nem tarifa dinâmica — quando os preços se alteram em razão da demanda. A plataforma alerta, no entanto, que se o preço sugerido destoar do que é praticado pelo mercado, o app pode recomendar que o usuário proponha uma nova tarifa — nas cidades onde o serviço já está consolidado, a economia média é de 20% em relação aos outros apps. O pagamento é feito exclusivamente em dinheiro.
GaúchaZH testou o serviço manhã desta sexta-feira (13), em um trajeto de pouco mais de quatro quilômetros entre o cruzamento das avenidas Ipiranga e Erico Verissimo e a Praça da Encol. Veja como foi:
O app da inDriver tem uma interface simples e muito familiar para quem usa aplicativos de transporte. Na primeira tela, pede que o usuário insira o número de telefone e indique a cidade onde se encontra. Ao abrir, um mapa com pequenos ícones de carros mostra a localização dos motoristas que estão com a plataforma ativa.
Para solicitar uma viagem, assim como em outros apps, basta inserir o ponto de partida e o destino. Diferentemente de Uber, 99 e Cabify, porém, o app não indica o preço. O usuário é quem deve inserir quanto deseja pagar em um espaço onde se lê "ofereça sua tarifa" na tela principal.
Na hora de sugerir um valor, quem utiliza outras plataformas pode recorrer a elas para ter um parâmetro. Por volta das 11h30min desta sexta-feira, por exemplo, a viagem de cerca de quatro quilômetros da Avenida Ipiranga até a Praça da Encol custava, de Uber, R$ 10,48. Na 99, saía por R$ 9,80.
A reportagem ofereceu R$ 7 pelo trajeto (cerca de 30% menos que o pedido pelos outros apps). Em alguns segundos, as imagens de três motoristas acompanhadas de modelo do carro, nome, nota de avaliação, distância e tempo estimado para a chegada surgiram na tela. Na lateral direita estava o valor proposto por cada um, e, abaixo, a possibilidade de aceitar ou recusar a viagem.
Dos três condutores, apenas um topou o que foi oferecido pela reportagem. Os outros dois pediram R$ 8 para percorrer o trajeto. Após aceitar a corrida — nesse caso, com aquele que ofereceu o menor valor —, o app permite acompanhar o deslocamento do veículo no mapa. A espera demorou um pouco mais do que os cinco minutos estimados. Ao todo, foram oito minutos até que o condutor encostasse o Hyundai HB20 no ponto de encontro.
O trajeto até a Praça da Encol deu-se com tranquilidade. O motorista, que também atende a chamados da Uber, contou estar utilizando o inDriver há cerca de três meses. Descobriu através do Facebook e cadastrou-se pela internet — segundo ele, não foi pedida negativa de antecedentes criminais. Dirigiu de forma prudente e tinha à mão troco para a corrida, paga com uma nota de R$ 10.
Vantagens
A principal vantagem do app para viagens diárias em médias distâncias tende a ser o valor — mais tarde, em uma tentativa de curta distância, com o preço dos outros abaixo dos R$ 5, a oferta de R$ 4,5 não pareceu atrativa aos motoristas da inDriver. A corrida custou cerca de 30% menos do que o praticado pelas concorrentes.
Essa diferença tende a diminuir. Isso porque, nos primeiros seis meses, o app não cobra nenhum percentual dos parceiros, o que o torna vantajoso para os condutores mesmo quando o valor oferecido pelo passageiro é mais baixo que nas outras plataformas. Depois desse período, o percentual cobrado dos condutores sobre as viagens varia de uma cidade para outra — em geral fica entre 9% e 12%.
Outra vantagem é que o app possibilita ao usuário escolher o motorista com quem quer viajar, dando opções e fornecendo algumas informações prévias, como a nota de avaliação.
Além disso, a inDriver permite que o usuário faça solicitações específicas para as viagens, como o transporte de mais de quatro passageiros, a locomoção de animais ou mais espaço para levar bagagens. Basta inserir o pedido no campo "observações".
Desvantagens
Um ponto que pode desagradar quem se acostumou a circular apenas com cartão de débito e crédito é que a única forma de pagamento aceita é o dinheiro. Segundo a gerente de marketing da plataforma, ainda não há previsão do uso de cartão no app.
Outra questão a ser observada são os critérios de seleção dos condutores. Dois deles ouvidos pela reportagem contaram ter se cadastrado pela internet, sem informar, por exemplo, se tinham antecedentes criminais. GaúchaZH aguarda pelo posicionamento da inDriver sobre as exigências de cadastramento.
Dados da viagem
Trajeto: esquina das avenidas Ipiranga e Erico Verissimo até a Praça da Encol (Avenida Nilópolis)
Horário da chamada: 11h25min
Número de tentativas: uma
Horário de embarque: 11h33min
Modelo do carro: Hyundai HB20
Atendimento: bom
Valor: R$ 7 (30% menos que Uber e 99)
Forma de pagamento: dinheiro