O vereador Moisés Barboza (PSDB), vice-líder do governo Marchezan, quer esclarecer como se deu o protocolo do pedido de impeachment contra o prefeito que tramita na Câmara Municipal de Porto Alegre. Desde quarta-feira (21), data em que foi lida a denúncia em plenário, ele tenta obter imagens de câmeras de segurança dos corredores da Casa.
Conforme Barboza, ele tem dois objetivos. Um é confirmar se a denúncia não foi protocolada antes de quarta-feira — o que possibilitaria que os parlamentares tivessem acesso ao conteúdo antes da sessão em que deveria ser apreciado (acabou não sendo por falta de quórum). A base do governo critica o fato de não ter conseguido apreciar o documento de 194 páginas, cuja existência foi anunciada na reunião de líderes no fim de manhã daquele dia.
O outro é desvendar um mistério: conforme o vereador, foi deixado embaixo da porta de seu gabinete, na segunda-feira (19) anterior à denúncia, um bilhete dizendo que "estão armando um impeachment na Casa".
— Pedi as imagens dos corredores por escrito (na quarta-feira). Na quinta, meu chefe de gabinete foi em busca de uma resposta. Na sexta, por escrito, fomos informados de que não seriam liberadas por não existir boletim de ocorrência ou fato criminal. Estou contestando — afirma.
Durante o fim de semana, circulou a informação de que o objetivo de Barboza seria confirmar se a esposa do autor do pedido, Cláudio Francisco Mota Souto, teria ido ao gabinete da presidente Mônica Leal (PP). Barboza nega que intenção seja essa, e Mônica nega que tenha recebido a esposa de Souto, a qual ela conhece.
Mônica afirmou que a procuradoria da Casa a orientou a recorrer da decisão. Conforme a presidente, os procuradores indicam que a decisão de ceder as imagens cria um "precedente muito perigoso".
— Envolve uma questão de segurança, de intimidade das pessoas. No prédio tem agência bancária, caixas eletrônicos, Correios.
A procuradoria deve recorrer nesta quinta (29). Mônica afirmou que sua posição de presidente é "apenas de observar os ritos legais e dar o devido andamento ao processo".
"Há uma clara tentativa de desviar o foco das graves questões apontadas no pedido de impeachment, para as quais não houve qualquer resposta", disse a presidente da Câmara por mensagem de texto durante o Gaúcha Atualidade.
Se houver quórum, a Câmara retoma nesta segunda-feira (26) a discussão sobre o pedido de impeachment. O assunto agora tranca a pauta de votações. A tendência é de que a admissibilidade seja negada, já que o PP, último a desembarcar da base do governo, decidiu votar contra.