O clima tenso que a Câmara Municipal vive desde a votação do projeto que revisa o IPTU de Porto Alegre ficou mais evidente nesta segunda-feira (19). Ao comentar no Gaúcha Atualidade os próximos passos da proposta — uma decisão judicial impede a renovação da votação —, a presidente Mônica Leal (PP) chamou os vereadores Mauro Pinheiro (Rede) e Valter Nagelstein (MDB) de machistas.
— (Eles) têm o hábito de atacar, em discussões, as mulheres. Mas, quando vão discutir com homens, começam com "meu amigo, meu querido, meu vereador, te admiro muito mas não concordo" — criticou. — Se vocês pegarem as notas taquigráficas (das sessões da Câmara), vão sempre perceber essa diferença entre uma discussão com uma mulher e com um homem.
No dia 8, também em entrevista ao Gaúcha Atualidade, Pinheiro disse que Mônica fazia manobras para postergar a decisão a respeito do imposto e que sua atuação estava "beirando a improbidade administrativa". Na semana seguinte, em uma discussão pelo grupo de WhatsApp que reúne todos os parlamentares, Nagelstein e Mônica discutiram.
Nesta manhã, ao GaúchaZH, Pinheiro disse que a acusação da presidente é "infundada". Ele defende que tem direcionado suas críticas apenas à atuação de Mônica e que "não tem nada contra" a parlamentar:
— Discordar de uma mulher é ser machista? Ela é mulher, mas está num cargo de presidente, e estava adotando uma postura diferente da maioria, que aprovou o projeto. Me parece que não está preparada para o cargo que ocupa, porque o regimento diz que, quando há dúvida, o presidente tem de resolver, e a decisão foi tomada pela Justiça.
Nagelstein escreveu no Twitter que "disse que a Mônica Leal não decidia porque não queria" (sobre renovar ou não a votação) e que a Justiça reconheceu que ele tinha razão — ao suspender o artigo do regimento que possibilitaria renovar a votação do projeto. O vereador se refere a decisão semelhante tomada por ele quando presidia a Casa.
"A falta de noção pode levar brigas políticas a impasses institucionais. As pessoas precisam saber o lugar que ocupam. A falta de decoro de um presidente para com seus colegas pode também levá-lo (a) ao impedimento. Acusações infamantes ou injuriosas não combinam com presidência", acrescentou.