Uma decisão surpreendente foi anunciada no início da noite desta quarta-feira (21) pelo vereador Ricardo Gomes, em nome dos colegas do PP: a bancada votará contra a admissibilidade do pedido de impeachment do prefeito Nelson Marchezan. A votação, suspensa por falta de quórum, deverá ser retomada nesta quinta-feira.
— Não podemos nos responsabilizar por ações individuais dos filiados, mas, por ser o partido do vice-prefeito Gustavo Paim, temos muito cuidado em não dar motivo para suposições de que queremos o cargo número 1 da prefeitura a qualquer custo.
Foi Paim quem pediu moderação aos colegas, depois de acompanhar a altercação entre a presidente da Câmara, Mônica Leal, e o líder do governo, Mauro Pinheiro (Rede).
— O PP reitera que não é autor nem idealizador do pedido de impeachment, não respondendo por atos de seus filiados enquanto pessoas físicas — disse Gomes à coluna.
O vereador lembrou que o PP votou contra os três pedidos anteriores de impeachment protocolados na Câmara, considerados inconsistentes. Desta vez, porém, os vereadores entendem que as denúncias apresentadas no requerimento são graves e que merecem uma investigação. O partido não vai propor uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), mas se algum vereador da oposição propuser, o PP dará seu voto favorável.
Das oito acusações formuladas no pedido de impeachment, Gomes considera graves quatro delas. A primeira é a que acusa o prefeito de nepotismo, por nomear, como assessores e depois como secretários municipais, os atuais chefes das pastas de Planejamento e Gestão, Juliana Garcia de Castro, e de Relações Institucionais, Christian Lemos, que hoje são casados.
O PP também considera importante investigar o aluguel de um prédio para a Secretaria municipal de Desenvolvimento Econômico (SMDE) por R$ 111 mil mensais, a seleção de assessores pelo Banco de Talentos, sem constituição formal e da contratação de nomeação do ex-diretor técnico da Procempa e ex-presidente do Conselho de Administração da Carris Michel Costa, por ser sócio da Safeconecta, empresa realizou testes para a instalação de GPS nos ônibus da empresa estatal.
O estranho é que Costa foi exonerado em 2017, após reportagem do Grupo de Investigação da RBS, e só agora o PP propõe a investigação.