A Câmara de Vereadores de Porto Alegre abriu os trabalhos nesta quarta-feira (21) com a leitura, pela presidente Mônica Leal (PP), de um pedido de um impeachment do prefeito Nelson Marchezan. É o quarto pedido desde o início da atual gestão.
Às 16h10min, a pedido do vereador Clàudio Janta (SD), houve verificação de quórum, como apenas 15 assinaram presença, a admissibilidade do processo não foi votada. Seriam necessários 19 vereadores presentes para a votação.
A sessão da Câmara, como virou regra nos últimos meses, foi quente e com troca de acusações entre os vereadores Mauro Pinheiro (Rede), líder do governo, Valter Nagelstein (MDB), ex-presidente da casa, e Mônica Leal.
Já na verificação de quórum, o PP demonstrou estar rompido de vez com o prefeito Marchezan. Além de Mônica, Ricardo Gomes (PP) assinou presença ao lado de parlamentares dos partidos de oposição.
Debates acalorados
O pedido de impeachment, fundamentado em 194 páginas, foi protocolado por Claudio Francisco Mota Souto. Entre outras justificativas, o documento acusa de nepotismo dois secretários de Marchezan, Christian Lemos (secretário de Relações Institucionais) e Juliana Castro (secretária de Planejamento e Gestão). A alegação que embasa a acusação de nepotismo é de que eles seriam cônjuges.
Após a verificação de quórum confirmar que o pedido não seria analisado, Nagelstein questionou ao microfone se Mônica tinha alguma relação pessoal com a pessoa que protocolou o pedido, mas saiu do microfone antes da resposta, enfurecendo a presidente que cobrou respeito.
Pinheiro foi mais longe. Foi à tribuna e exibiu, no telão da Câmara, fotos de redes sociais do autor do pedido fazendo campanha para Mônica.
— Isso parece mais um ato de vingança do Partido Progressista! — interpretou o líder do governo.
Mônica foi à tribuna se defender com veemência.
— Se eles são filiados ao PP? Todo mundo tem filiação nessa terra. Se a esposa dele trabalhou na prefeitura? Trabalhava e foi exonerada como um cachorro da prefeitura. Não interessa quem entrou, interessa a fundamentação! Eu quero ver alguém provar que eu tenho algo a ver com esse pedido de impeachment — desafiou a presidente, afirmando que a mulher de Claudio Souto trabalhou na administração municipal.
A sessão foi encerrada às 17h35min por Mendes Ribeiro (MDB). Segundo o parlamentar, se houver quórum, a sessão desta quinta-feira (22) começará com a análise da admissibilidade pedido de impeachment. Na tribuna, Janta pediu que os vereadores não deem quórum, a fim de que o tema seja analisado na segunda-feira. Nagelstein anunciou que fará o mesmo apelo por meio de diligência, para que os vereadores recebam e analisem, nesse meio tempo, cópia física do documento.