A Polícia Civil (PC) concluiu na segunda-feira (26) o inquérito que apurou as causas do incêndio que atingiu o Hospital Fêmina, pertencente ao Grupo Hospitalar Conceição (GHC), em fevereiro deste ano.
Conforme texto divulgado pela polícia, o fogo começou em um ar-condicionado devido a um "fenômeno termoelétrico do tipo curto-circuito e/ou sobrecarga de seus componentes elétricos".
O laudo, produzido por equipes do Instituto-Geral de Perícias (IGP), indica que não houve conduta dolosa e criminosa porque não foram encontrados "resíduos de substâncias inflamáveis, acelerantes de combustão, que pudessem estar relacionados à deflagração do incêndio".
Conforme o delegado que conduziu a investigação, Ajaribe Pinto, cerca de 30 pessoas foram ouvidas ao longo da apuração, entre enfermeiros, eletrotécnicos, equipe de segurança e da administração. Na época, foi constatado que o projeto do Fêmina para obter PPCI estava parado havia mais de 10 anos.
Nesta semana, o inquérito será enviado para a Justiça, que irá pedir parecer do Ministério Público. Se o MP estiver de acordo com a apuração e não solicitar novas diligências, o inquérito deve ser arquivado.
Dias depois do incêndio, um funcionário da instituição foi demitido, suspeito de mexer em câmeras de segurança do hospital minutos antes do início das chamas. Intimado por investigadores, o técnico em enfermagem prestou depoimento e alegou inocência.
Na época, a direção do GHC disse que demitiu o homem por justa causa. Na oportunidade, a assessoria de imprensa do grupo afirmou que ele foi flagrado em imagens alterando a direção de uma câmera. Em seguida, foi visto entrando e saindo duas vezes da sala de "maneira suspeita" e, "repentinamente, o fogo teria começado".
De acordo com o delegado, o inquérito elimina a suspeita sobre a ação do profissional.
— Foi afastada qualquer possibilidade de ele ter provocado o incêndio, de ele ter agido de forma criminosa.
Ainda conforme Pinto, ao longo da investigação, o homem foi "bem recomendado" por colegas. Segundo o delegado, tramita na Justiça uma ação movida pelo profissional contra o hospital.
Procurada, a direção do Fêmina afirmou que ainda não tomou conhecimento do documento e que o departamento jurídico irá buscar informações na quarta-feira (28).
O incêndio
Em 16 de fevereiro, um incêndio atingiu o sexto andar do hospital na Rua Mostardeiro, no bairro Rio Branco, em Porto Alegre. As chamas começaram por volta das 16h30min, em um espaço sem pacientes, no sexto andar, e foram controladas após cerca de 15 minutos de trabalho do Corpo de Bombeiros. Pacientes que estavam no espaço foram realocados. Ninguém ficou ferido.
A instituição é voltada ao atendimento de mulheres. Presta cuidados do pré-natal ao final da gestação, faz partos e trata dos bebês e das mães com alguma complicação, como hipertensão ou dependência química.