A segunda-feira (3) trouxe mais do que um novo começo de semana em Porto Alegre. O sol também reapareceu, depois de um maio no qual o acumulado de chuva chegou a 233 milímetros, maior índice dos últimos 35 anos na cidade. Porém, mesmo que a chuva tenha cessado, ao menos por enquanto, a consequência dos aguaceiros está sendo sentida por quem precisa circular pela cidade.
Os buracos no asfalto, que já não são raros, tendem a aparecer em maior número depois de períodos chuvosos. Em razão disso, a reportagem circulou por grandes avenidas de quatro regiões da cidade durante a manhã de ontem. Ficou visível como os transtornos causados pela chuva seguiam afetando o trânsito no primeiro dia útil da semana.
Na Avenida Protásio Alves, na Zona Leste, um buraco no sentido Centro/bairro da pista bloqueava uma das pistas nas proximidades com a Avenida Manoel Elias. A cratera estava sinalizada com um cavalete do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae). O diâmetro da entrada era semelhante a uma bola de basquete, mas a profundidade chamava atenção, com cerca de dois metros. Como o excesso de chuvas sobrecarregou a rede pluvial, o asfalto cedeu no local.
Na mesma região, ao menos quatro buracos mais expressivos, que alteravam o trajeto dos motoristas bruscamente, foram localizados pela reportagem. Três deles estavam na Avenida Assis Brasil e um na Avenida Plínio Brasil Milano.
Outro ponto onde um problema no asfalto alterava a circulação era na Avenida Ipiranga, região leste de Porto Alegre. Próximo da PUCRS, no sentido centro/bairro, uma fissura na pista mais próxima do Arroio Dilúvio acumulava água e pedaços de um cavalete da EPTC, provavelmente, atingido por um motorista desatento.
Cuidados
Para quem precisa circular constantemente pela cidade, a buraqueira é uma inimiga. É o caso de Cláudio Oliveira, 67 anos. Motorista de ambulância, ele conta que precisa "triplicar os cuidados" quando está ao volante.
— Além de estar atento com o paciente que carrego e com o movimento no trânsito, tem a buraqueira que está tomando conta das ruas de Porto Alegre — conta Cláudio.
O motorista diz que sentiu um agravamento na situação durante o mês passado, principalmente na Avenida Professor Oscar Pereira, na Zona Sul:
— A chuva fazia as bocas de lobo aqui transbordarem. Com a chuvarada, abriram um monte de buracos na Oscar Pereira.
Como trabalha circulando de moto por toda Capital, o motoboy Leonardo Toledo, 41 anos, já é cuidadoso em relação a sua segurança. Porém, com os buracos tornando-se mais frequentes em seu caminho, ele diz que ficou ainda mais atento:
— Cair de moto machuca muito, então, ando sempre ligado. Mas, com a buraqueira que tem nas ruas, está difícil, fica muito perigoso.
Número de reclamações dobrou em maio
Segundo a Divisão de Conservação de Vias Urbanas (DCVU) da prefeitura, o número de reclamações por buracos em vias por meio do telefone 156 dobrou durante o mês de maio. Conforme a administração municipal, em um mês normal são registradas cerca de mil reclamações. No mês passado, foram mais de 2 mil pedidos.
A prefeitura destaca que "o desgaste das ruas de Porto Alegre acontece devido a pelo menos 20 anos de falta de cuidados". Em nota, a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb) diz que 85% da malha viária da cidade "está vencida", ou seja, nunca passou por manutenção funcional. Este tipo de ação está sendo planejada pela pasta e deve ter início ainda este ano.
De momento, a secretaria diz que os reparos possíveis são paliativos, por meio das operações de tapa-buraco, que "já atenderam mais de 3 mil solicitações desde sua intensificação, em abril de 2018".