Reclamação mais recorrente dos usuários do aplicativo Pelas Ruas devido a buracos e outras deformações, a malha viária de Porto Alegre tem 85% de sua extensão com a vida útil de 10 anos vencida. Conforme a prefeitura, a falta de renovação do asfalto é a maior responsável pela buraqueira, junto de problemas nas redes cloacal e pluvial.
Dentre as mais de 6 mil publicações aprovadas pela plataforma colaborativa do Grupo RBS, 1,2 mil (18%) mencionam buracos e outros defeitos na pavimentação de Porto Alegre. O Executivo tem duas explicações.
Uma delas, conforme o secretário Luciano Marcantônio (Infraestrutura e Mobilidade Urbana), é que Nelson Marchezan assumiu o Paço Municipal com contratos atrasados e dívida de quase R$ 1,3 milhão com fornecedores, o que dificultou a manutenção e novas obras. A outra tem relação com o preço de um insumo, o cimento asfáltico de petróleo (CAP), cujos reajustes passaram a ser mensais em 2017, afastando empresas das licitações lançadas — três delas nem sequer receberam propostas.
— O prefeito Marchezan nos cobra sobre isso diariamente. Não é da vontade de ninguém que os buracos surjam e quebrem os carros dos motoristas. É um histórico de problemas — sustenta Marcantônio.
A Divisão de Conservação de Vias Urbanas estipula que o ideal, em operações tapa-buracos na Capital, é aplicar pelo menos 20 mil toneladas de concreto quente por ano — o material é o principal utilizado na pavimentação das ruas. A média anual na gestão Fortunati era de 13 mil toneladas. No primeiro ano do governo Marchezan, em 2017, foram 6 mil.
Em abril deste ano, o Executivo firmou um contrato emergencial de R$ 510 mil que garantiu pelo menos 2,5 mil toneladas de concreto quente. Em agosto, a quarta tentativa de licitação foi a "divisora de águas", define o titular da Smim. Foi ela quem possibilitou a atual operação tapa-buracos. Com nove equipes trabalhando nas ruas mais movimentadas — e críticas —, a meta é fechar o ano com pelo menos 16,4 mil toneladas de concreto quente aplicadas, quase 3 mil a mais do que a média. O investimento será de R$ 10,1 milhões.
— Nunca tinha participado de uma secretaria que trabalhasse com pavimentação antes. Nossa malha viária e esgoto estão sucateados. Os cidadãos têm todo o direito de protestar porque ninguém quer cair com o carro em um buraco — afirma Marcantônio.
Paralelamente ao tapa-buracos, o Executivo planeja concluir até o fim de 2018 análises técnicas para reconstruir 76 quilômetros de 20 ruas. Ou seja, retirar a pavimentação existente e colocar uma nova. A prefeitura quer começar as obras em 2019, mas ainda falta dinheiro. Dos R$ 133 milhões necessários, a administração tem R$ 25 milhões garantidos pela Cooperação Andina de Fomento (CAF) e outros R$ 23 milhões pelo projeto Avançar Cidades, do governo federal. A administração municipal precisa buscar os R$ 85 milhões.
— Isso é inédito na história da cidade. Nos perguntamos por que nunca foi feito antes. Chega de remendões — ressalta o secretário.
Buracos emblemáticos
Um buraco pode surgir por diversos motivos: falta de drenagem da água, asfalto fino demais para suportar o tráfego, solo que não é denso o suficiente ou remendos sem padrão técnico. Caso algum encanamento da rede de esgoto esteja danificado, o solo pode ceder e formar depressões em segundos.
Alguns exemplos de buracos são emblemáticos. Um exemplo está na Rua Voluntários da Pátria, cujas deformações profundas passaram a mostrar os trilhos do bonde que operava na Capital até 1970. No bairro Cidade Baixa, moradores usaram a criatividade para ter seus problemas solucionados, como o caso das crateras da Rua Lopo Gonçalves, que recebeu uma pintura em torno de mais de 30 buracos.
— Decidi sinalizar porque os motoristas estavam fazendo ziguezague. E também para chamar atenção da prefeitura — contou o autor da intervenção, Moises Gomes, 54 anos.
Ruas analisadas
A prefeitura estima concluir até o fim do ano análises técnicas para reconstruir 76 quilômetros de asfalto em 20 ruas. São elas:
- Antônio de Carvalho
- Assis Brasil
- Bento Gonçalves
- Bernardino Silveira Amorim
- Cavalhada
- Costa Gama
- Cristóvão Colombo
- Edgar Pires de Castro
- Eduardo Prado
- Estrada Belém Velho
- Estrada São Francisco
- Ipiranga
- João Antônio da Silveira
- João de Oliveira Remião
- Juca Batista
- Nilo Peçanha
- Protásio Alves
- Retiro da Ponta Grossa
- Rua dos Maias
- Sertório
Saiba como usar o aplicativo Pelas Ruas, que é gratuito
1) Para baixar, basta entrar na App Store ou na Play Store e buscar o aplicativo pelo nome.
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Requisitos: iOS 9.0 ou superior (compatível com iPhone, iPad e iPod touch) - Android 4.1 ou superior
2) Ao abrir o aplicativo, a tela inicial mostra a marca Pelas Ruas e solicita o login do usuário. Ele é feito a partir do Facebook ou de conta no Google.
3) Após o acesso, pode ser visualizada a linha do tempo, em que aparecem as postagens dos usuários; é possível acompanhá-las e fazer comentários.
4) Para fazer um post, o usuário pode utilizar uma foto tirada por meio do próprio aplicativo ou da galeria de imagens do celular.
5) Após escolher uma das opções, basta descrever o problema e marcar a localização (por GPS ou a partir de um mapa). É só publicar e aguardar a aprovação: quando isso ocorre, o aplicativo mostra uma notificação.