Depois de passar os oito primeiros meses do ano aplicando 25% do que considera ideal em asfalto para conservação de ruas e avenidas, a prefeitura de Porto Alegre deve usar R$ 10,1 milhões do caixa do município para reforço na operação tapa-buracos. 3,3 mil toneladas de concreto quente foram utilizadas de janeiro a agosto (média de 412 mil quilos por mês), e o objetivo da Secretaria de Infraestrutura e Mobilidade Urbana é aumentar em oito vezes essa média. Devem ser 13,1 mil toneladas de setembro a dezembro (média de 3,2 mil toneladas por mês) se o tempo colaborar.
Para suprir a defasagem de 2017 e do primeiro semestre de 2018, o trabalho que era feito por seis equipes agora será realizado por nove. O secretário Luciano Marcantonio (Infraestrutura e Mobilidade) justifica que os buracos se multiplicaram porque, ao assumir a prefeitura, a atual gestão deparou com contratos atrasados, um total de quase R$ 1,3 milhão de dívida, incluindo serviços de caminhões térmicos, manutenção das usinas e compra de brita e areia. Para piorar a situação, a prefeitura teve três licitações desertas para compra de cimento asfáltico de petróleo (CAP), muito em razão da nova política de reajustes implantada pela Petrobras — a variação frequente no preço do insumo espanto empresas que poderiam firmar contratos mais longos. De julho a agosto deste ano, as chuvas foram acima da média.
O secretário destaca que as dívidas com os fornecedores foram renegociadas e que uma licitação para compra de de 3 mil toneladas de cimento asfáltico foi homologada no final de agosto, possibilitando a execução de 50 mil toneladas de concreto quente.
— Pela primeira vez desde o início da gestão Marchezan, temos condição para fazer um trabalho normal de tapa-buracos, e avançando muito, podendo chegar em 2018 a 16,4 mil toneladas de concreto quente aplicado. Isso é mais que a média dos anos anteriores, que era de aproximadamente 13 mil — diz Marcantonio.
A prefeitura está dando preferência a vias com fluxo superior a 5 mil veículos por dia, como as avenidas Mauá, Ipiranga, AJ Renner, Estrada João de Oliveira Remião, Alberto Bins e Otávio Rocha.
GaúchaZH questionou o prefeito Nelson Marchezan: o investimento poderá afetar ainda mais o pagamento dos salários dos servidores?
— Tudo são escolhas. Se a gente tivesse feito o dever de casa no primeiro ano, não teríamos esses problemas — respondeu, referindo-se a projetos do Executivo que não foram aprovados na Câmara Municipal, que poderiam reduzir o déficit. — Há um histórico de 20 anos, a cidade ficou devendo centenas de milhões todos os anos, para algumas coisas como isso aqui.
Marchezan afirma que 85% da malha viária de Porto Alegre já ultrapassou sua vida útil e que a operação tapa-buracos é uma medida emergencial. Muitos buracos surgem, também, devido a problemas na rede subterrânea, que é antiga e precária. Por isso, além desse serviço diário, a prefeitura trabalha em um projeto estrutural para recuperação de 76 quilômetros de vias arteriais com revestimentos asfálticos, incluindo reconstrução da estrutura do pavimento nos locais onde se diagnosticou deficiência estrutural.
A execução das obras desses projetos está prevista para ser iniciada em 2019, mas depende da liberação de R$ 133 milhões. Desse montante, são necessários R$ 25 milhões do saldo do financiamento com o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), R$ 23 milhões do projeto Avançar Cidades do Ministério das Cidades e R$ 85 milhões de recursos próprios ou financiamentos (a captar).
Os estudos técnicos para verificação da estrutura do pavimento estão sendo realizados em 32 trechos das seguintes vias: Bento Gonçalves, Ipiranga, Nilo Peçanha, Bernardino Silveira Amorim, Antônio de Carvalho, Juca Batista, João de Oliveira Remião, Protásio Alves, Eduardo Prado, Assis Brasil, Sertório, Rua dos Maias, Estrada São Francisco, Cavalhada, Estrada Belém Velho, Costa Gama, Cristóvão Colombo, João Antônio da Silveira, Edgar Pires de Castro e Retiro da Ponta Grossa.
Outra iniciativa, ainda em fase inicial, são projetos básicos para contratação de serviços de recuperação funcional de pavimentos (fresagens, capeamentos e recapeamentos) em aproximadamente 50 quilômetros de vias coletoras, onde os problemas observados são somente na camada superficial de rolamento e não há necessidade de intervenção na estrutura do pavimento. Esses projetos de recuperação de pavimentos são realizados de modo contínuo pela secretaria conforme a disponibilidade de recursos previstos no orçamento.