Em mais um passo para consolidar o esporte como um espaço de inclusão e diversidade, começou neste final de semana em Porto Alegre a primeira Superliga LGBT+ de Voleibol do Rio Grande do Sul. A partir deste final de semana, serão mais quatro etapas com jogos que ocorrem em julho, agosto e setembro.
Na quadra do Sesc Navegantes, nove equipes de Porto Alegre, Canoas, Novo Hamburgo e Caxias do Sul disputaram o campeonato: Pampacats, Avalon, Fireballs, Maragatos e Magia, Battel Force, Thunders, Divas do Vale e Pocs.
Depois do GayPrix 2018, realizado em setembro do ano passado em Porto Alegre, os times gaúchos se organizaram para ter um campeonato de longo prazo que desse mais assiduidade às competições.
Neste domingo, ocorreram nove partidas. Na fase inicial, todas as equipes irão competir entre si. Para as últimas partidas, ficarão os times que tiverem melhor desempenho. O vencedor ganhará troféu e haverá medalhas para os destaques individuais. Para o presidente da Battel Force, de Canoas, Jorge Martins, que também é um dos organizadores do evento, o esporte é agregador:
– É uma ferramenta de luta contra o preconceito, tudo mundo pode jogar e conviver junto.
Atacante da Battel Force, David Duque, 32 anos, tem o esporte presente na sua vida desde criança. Natural de Manaus, onde as superligas LGBT+ de vôlei já estão mais consolidadas, vive em Viamão há oito anos:
– O vôlei me trouxe amigos, uma nova família e qualidade de vida.
Ele considera que, além de correr atrás do bom desempenho dentro da quadra, as equipes devem se unir contra o preconceito dentro e fora dela, tudo isso enquanto se divertem jogando:
– A gente já sofre muito na rua, aqui precisamos nos unir e quebrar o tabu de que o atletismo é só para héteros. Existe espaço para todo mundo no esporte.
O técnico da equipe Magia, Pablo Acosta, avalia que a competição entre as equipes é de alto nível. Segundo ele, a superliga demonstra um amadurecimento dos grupos.
– A maioria dos jogadores do time praticam o esporte desde criança, o único desafio é encontrar uma uniformidade técnica entre eles. O campeonato vai mostrar que há espaço para quem quer jogar e que os times têm muita qualidade – prevê.
Reforço
O designer de moda Kenjiro Fusuma, 25 anos, veio de Florianópolis, onde defende o Conca, para reforçar a equipe Maragatos. No esporte há 11 anos, garante que a atividade nas quadras o ajudou a perder a timidez no convívio com outras pessoas e lhe trouxe espírito esportivo.
– O vôlei foi libertador para mim. O que engrandece um jogador é respeitar o outro em quadra. Isso é fundamental – ensina.
Jedi Bitencourt, 31 anos, da equipe Thunders, joga vôlei há sete meses de forma recreativa. No domingo, ficou na torcida, mesmo assim, explica que o esporte mudou sua vida:
– Eu e meu marido entramos para fazer uma atividade física e acabamos criando um laço de amizade com outros jogadores, participamos de projetos sociais, organizamos eventos. Sinto que amadureci como pessoa também.
O coordenador de esportes e lazer do Sesc Navegantes, Tiago Magalhães, explica que a instituição decidiu receber o campeonato, justamente, para incentivar a diversidade dentro do esporte:
– Um dos nossos propósitos é promover qualidade de vida através do esporte, independente da orientação sexual de cada um.