Quase 85% dos porto-alegrenses com carteira de habilitação e que consomem bebidas alcoólicas afirmaram ter deixado de dirigir após beber para usar algum aplicativo de transporte nessas ocasiões. O número na capital gaúcha é maior do que a média nacional, que ficou em 68%.
Os dados são de pesquisa do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV) realizada pelo Datafolha com o apoio da Uber. Foram entrevistadas 3.531 pessoas entre os dias 2 e 10 de abril de 2019. A margem de erro é de 2%.
Para o professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e observador certificado do ONSV Carlos José Antonio Kümmel Félix, a pesquisa mostra uma mudança significativa no hábito do brasileiro:
— Com essa pesquisa, começa a se identificar algumas tendências. A existência dos aplicativos proporciona essa condição de você não deixar de fazer atividades, mas fazê-las com segurança. As pessoas bebiam e dirigiam por falta de opção. Têm outros meios de transporte, mas hoje, com essa oportunidade muito presente, com uso crescente, por questão de preço e disponibilidade, é um conforto a mais que se pode ter.
É o que pensa também a estudante de direito da PUCRS Laura Scalco, uma das usuárias que prefere utilizar aplicativos de transporte em vez de dirigir quando vai a festas.
— Eu uso aplicativos à noite, principalmente, em razão da facilidade e comodidade que ele proporciona. Ainda não preciso me preocupar com estacionamento, roubo de veículo, e posso beber com tranquilidade. Acredito que compensa muito pelo custo benefício e pelo conforto – diz.
O secretário extraordinário de Mobilidade Urbana de Porto Alegre, Rodrigo Mata Tortoriello, considera excelente o resultado da pesquisa. E entre os motivos que ajudaram na mudança de comportamento da população, ele acrescenta outro fator: a fiscalização constante.
— Com essa operação (Balada Segura), a população corre riscos de ser fiscalizada. As pessoas mudam o entendimento de beber e pegar o carro devido a campanhas de Lei Seca — afirma.
Ainda de acordo com o secretário, em 2016, 22 mil veículos foram abordados na Balada Segura. Destes, 13,6% foram flagrados no bafômetro – ou se negaram a fazer o teste. Em 2017, foram 20 mil veículos abordados e 12% autuados. Em 2018, mesmo número de abordagens e 11,96% autuações.
— O número vem caindo, porém, não significativamente. Mas já se comprova uma mudança importante de comportamento na população porto-alegrense — finaliza.
O objetivo é chamar atenção para a campanha do Maio Amarelo, iniciativa global que tem como objetivo a sensibilização em relação à segurança no trânsito e redução de acidentes. O estudo teve abrangência nacional e, além de Porto Alegre, incluiu outras capitais, cidades de regiões metropolitanas e do Interior, de diferentes portes, em todas as regiões do Brasil.